ACM Neto critica Ufba por impedir que Hospital Salvador receba pacientes de covid

Unidade tem cinco andares dedicados a maternidade

Na metade de junho, o prefeito ACM Neto anunciou uma parceria com o Hospital Salvador para a abertura de 10 novos leitos de UTI e 14 clínicos, destinados a pacientes de covid-19. No entanto, a Universidade Federal da Bahia (Ufba) possui um vínculo com a maternidade da unidade e entrou na justiça contra esta decisão, que impediu a instalação das vagas. Em coletiva de imprensa, o gestor municipal lamentou, nesta sexta-feira (3), a postura da instituição e criticou o reitor da universidade, João Carlos Salles.

De acordo com o prefeito, a Ufba recorreu ao Tribunal Regional Federal (TRF), que acabou suspendendo a abertura dos leitos de UTI e impedindo a transferência de pacientes com covid-19 para a unidade, localizada na Federação. “Eles foram ao TRF, na minha opinião, usando argumentos absurdos. Já assinamos contrato, demos ordem de serviço, estamos com leitos prontos, fizemos investimentos físicos no hospital”, explicou Neto.

O argumento da universidade é que a regulação de pacientes infectados para o hospital levará riscos às gestantes, mães e bebês recém-nascidos da UTI Neonatal da Maternidade Climério de Oliveira, que funciona no local. Em nota, a instituição disse que a maternidade — que é administrada pela empresa pública Ebserh — aluga cinco dos oito andares do hospital desde 2017, quando a sede original da Climério de Oliveira, em Nazaré, iniciou reforma de suas instalações. A previsão é de que a obra seja finalizada no mês de agosto deste ano.

Segundo a Ufba, o Hospital Salvador teria disponibilizado dois andares à prefeitura para instalação de enfermarias e leitos de UTI voltados para atendimento de covid-19. De acordo com pareceres técnicos solicitados pela maternidade e pela Ebserh, o hospital não teria condições de isolamento entre as alas, obrigando o compartilhamento de espaços. “Mais grave ainda: as próprias UTIs – Neonatal e de Covid – ficariam no mesmo andar, separadas apenas por uma precária divisória removível, contrariando todas as normas que regem instalações hospitalares”, descreve a universidade.

‘Não é justo’

Na avaliação do prefeito, no entanto, é possível que as alas sejam separadas e distantes, com adoção de protocolos de segurança sanitária. “Você acha que eu seria louco de colocar as gestantes e os bebês em risco? A Ufba infelizmente não está ajudando, o reitor está tendo uma postura lamentável em relação à necessidade de ampliação dos leitos de UTI, não é justo”, defende Neto, que acionou a Procuradoria Geral do Município para insistir na implantação e reverter, em Brasília, a decisão do TRF.

Ainda segundo a Ufba, a maternidade ocupa um total de 52 leitos no Hospital Salvador, sendo 11 leitos de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). A média mensal de procedimentos obstétricos é de quase 150, além de cerca de 100 partos, com alta rotatividade de pacientes, já que cada internação dura, em média, de 2 a 3 dias.