‘A gente só entrega nas mãos de Deus’, diz familiar de criança morta por facção
Rhadassa tinha apenas quatro anos de idade e foi morta a tiros na comunidade do Caroço, Praia do Futuro

Rhadassa tinha apenas quatro anos de idade e foi morta a tiros na comunidade do Caroço, Praia do Futuro
(Foto: Arquivo Pessoal)

Rhadassa Barbosa tinha apenas 4 anos de idade. Ela foi morta a tiros por integrantes de uma facção criminosa na comunidade do Caroço, Praia do Futuro, em Fortaleza, capital do Ceará, nesta terça-feira (29). O corpo da criança foi sepultado nesta quinta (1º), às 13h, no Cemitério Bom Jardim.

“A gente só entrega nas mãos de Deus. A Justiça daqui muitas vezes falha, mas a lá de cima, a Justiça lá de Deus nunca falha”, disse a familiar que O Povo, parceiro do CORREIO pela Rede Nordeste, opta por não identificar. 

Rhadassa era uma menina alegre e querida entre o moradores do Caroço. Ela, que completaria 5 anos no dia 12 de dezembro, era a caçula de 4 filhos: duas irmãs, de 8 e 14 anos, e um irmão de 17. A família perdeu o pai há quatro anos. A garotinha fazia o Infantil IV e gostava de ir à escola que frequentava na região.

 “Ela gostava de brincar muito. A gente não sabe nem o que falar em um momento desses. Está sendo uma perda muito grande. Aqui na família tem muita gente inconsolável. O irmão dela entrou em desespero. A mãe dela sentiu muito, chorou muito”, relata a parente. 

A família está desolada. O sepultamento foi marcado por momentos de emoção por parte dos irmãos e da mãe. A genitora também foi baleada na ação criminosa que vitimou a garota, mas recebeu uma alta provisória para ir à sede da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) liberar o corpo e também para dar o último adeus à filha.

O caso na Praia do Futuro
Criminosos surpreenderam a mãe de Rhadassa em um beco na comunidade do Caroço. Estavam a mãe e as três filhas. Os indivíduos balearam a mulher e a criança foi atingida no rosto. A menina não sobreviveu aos ferimentos e morreu no local. As outras meninas conseguiram fugir e não foram atingidas. 

Depois do crime, um grupo armado em um automóvel seguiu para a comunidade do Luxou e durante o caminho foi interceptado pela Polícia. Houve troca de tiros e quatro suspeitos saíram mortos. Armas foram apreendidas e nenhum policial saiu ferido. 

Pouco depois da ação que deixou a criança morta, quatro corpos foram encontrados na faixa de areia na Praia do Futuro, após tiroteio intenso na noite dessa terça. Um deles apresentava o braço decepado. Além dos corpos, quatro armas de calibres variados, sendo um revólver e três pistolas, foram encontradas pelos agentes da Polícia Militar que atenderam à ocorrência.

Em nota, a Polícia Civil informou que apura as circunstâncias de confronto entre policiais militares e supostos integrantes de organizações criminosas. E detalhou: “Segundo relatos dos militares, a composição recebeu informações de que grupos criminosos se preparavam para um confronto com grupos rivais e que suspeitos estariam em um Fiat Pálio vermelho com armas a caminho de uma comunidade na região. Os PMs informaram que identificaram o automóvel e iniciaram perseguição, após o comando de parada”.

A nota dizia ainda que, “de acordo com a composição, os suspeitos atiraram na viatura dos policiais, que ficou com marcas de tiros na lataria. Nenhum policial foi ferido na ação. Na fuga, os suspeitos colidiram o veículo, correram em direção a um matagal e seguiram atirando na composição. Na troca de tiros, quatro suspeitos foram baleados e levados para o hospital mais próximo, onde tiveram óbito confirmado”.

Segundo a SSPDS, um homem foi preso em flagrante na Comunidade do Caroço, com uma arma de fogo, calibre .40, pertencente à Polícia de São Paulo, com quatro munições. “Ele e um outro homem foram conduzidos para o plantão do 34º DP (Centro). Antônio Marcos Moreira (24) foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma de fogo e por receptação, já que estava com uma arma produto de roubo. O segundo homem assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) pelo crime de resistência”, diz a nota.