471 Anos de fé e esperança
Salvador sempre soube adaptar-se a mudanças, sempre conseguiu transpor obstáculos, sempre resistiu à pressão das situações adversas. Somos, portanto, uma cidade resiliente. Como todos sabem, estamos enfrentando a mais grave crise de saúde pública, e também social e econômica, que este país já enfrentou.
A quarentena imposta pela pandemia do Coronavírus marca os 471 anos da cidade, mas a quietude desse momento não significa que haverá alguma pausa no trabalho de reconstrução que iniciamos em 2012, quando assumimos a administração desta capital.
A Prefeitura de Salvador continua trabalhando, de minuto em minuto, para garantir à população todas as conquistas dos últimos anos.
Por isso, ainda que os encontros estejam suspensos nesse grave momento que estamos vivendo, temos a certeza de que em breve voltaremos a desfrutar do nosso convívio, confraternizando nas praças reconstruídas em todos os bairros de Salvador, na orla da praia revitalizada desde o subúrbio até Stella Maris, no novo Centro de Convenções, no caminho sagrado de Santa Dulce dos Pobres e do Nosso Senhor do Bonfim.
O desafio de hoje, mais do que nunca, é salvar vidas. Por isso, enquanto a cidade se recolhe, o nosso trabalho é acolher cada cidadão, buscando garantir as condições necessárias para enfrentarmos a pandemia da melhor maneira possível, seguindo as melhores práticas ditadas pela ciência e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Não vamos baixar a guarda um minuto sequer, por isso estamos trabalhando 24 horas por dia nesse enfrentamento, erguendo uma série de trincheiras na cidade para que possamos proteger a população. Distribuímos cestas básicas para cada aluno da rede municipal de ensino. Viabilizamos locais de acolhimento para pessoas em situação de rua. Ou seja: as ações não param.
Fui um dos primeiros prefeitos do País a tomar decisões duras no combate à pandemia, adotando medidas de restrição do fluxo de pessoas nas ruas. Isso porque, desde que percebemos a gravidade da situação, planejamos ordenadamente as ações que deveriam ser feitas, cada uma no momento adequado, sem atropelamentos.
Claro que temos consciência do impacto econômico na cidade quando fechamos um shopping center, quando impomos restrições severas de funcionamento a restaurantes e bares. Mas a experiência já vivida em outros países, sobretudo o exemplo da cidade de Milão, na Itália (que minimizou inicialmente a dimensão do problema e decidiu que Milão não poderia parar), demonstra que o melhor caminho possível agora é o caminho de casa.
Fiquem em casa. Se ao final de tudo isso tivermos conseguido salvar uma única vida, o sacrifício que estamos fazendo agora terá valido a pena. Em seu aniversário de 471 anos, Salvador semeia fé e esperança de que iremos vencer essa guerra. Nesse momento, o que mais importa é cuidar das pessoas
ACM Neto é prefeito de Salvador.