Com escassez global, Saúde orienta racionalizar contraste para exames

Utilizado em exames de imagem, como tomografias, o contraste iodado permite visualizar a vascularização em determinadas partes do corpo dos pacientes. Em meio à escassez global desse insumo, o Ministério da Saúde passou a recomendar que o item seja racionalizado.

Esta é apenas uma entre diversas substâncias de uso médico em falta no sistema de saúde brasileiro. Na última sexta-feira (22/7), representantes da pasta reconheceram que ao menos 86 medicamentos não estão disponíveis nos estoques institucionais.

Um informativo interno foi emitido para orientar o uso cauteloso do contraste. De acordo com a secretária de Atenção Especializada à Saúde (SAES), Maíra Botelho, os estoques serão recompostos apenas no fim de setembro.

A nota informativa distribuída pela pasta pede que sejam priorizados “procedimentos em pacientes de maior risco e em condições clínicas de urgência e emergência”. Orienta-se ainda que os estoques sejam avaliados, que se evite o desperdício e que a utilização de métodos alternativos seja considerada.

“A interrupção nas cadeias de suprimento, produção e distribuição ocorre principalmente por consequência da pandemia da Covid-19 na China, uma vez que medidas de lockdown foram decretadas localmente, impactando a cadeia de produção das indústrias chinesas”, explica o informativo.

Pesquisa

De acordo com pesquisa divulgada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 80,4% dos municípios consultados têm sofrido com a falta de medicamentos no sistema público de saúde brasileiro.

O levantamento abrangeu 2.469 prefeituras, entre os dias 25 de maio e 20 de junho. A amoxicilina lidera a lista, sendo citada por 68% dos respondentes. Já a dipirona, em segundo lugar, foi mencionada por 65,6%

A dipirona injetável (50,6%) e a prednisolona (45,3%) também se encontram entre os fármacos mais mencionados. A ausência dos medicamentos já dura entre 30 e 90 dias em 44,7% dos casos. O problema se estende por mais de 90 dias em 19,7% das situações.

O que dizem os estados

Em nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que “possui processos de compra regular e emergencial para aquisição de contraste” e tem priorizado casos mais urgentes para utilização do contraste. “A escassez é global e de grande preocupação”, pontua o órgão local.

Já a Secretaria de Saúde da Bahia afirma que o estado se antecipou e “adquiriu uma remessa do produto, assegurando, assim, o abastecimento de toda a rede estadual”. Outros estados foram demandados sobre o tema, mas ainda não responderam à reportagem. O espaço para manifestação continua aberto.