Quadrilha movimentou R$ 4,8 bilhões em fraudes de combustíveis

A polícia comandou uma operação contra quadrilha que movimentou quase R$ 4,8 bilhões nos últimos três anos fraudando combustíveis. O esquema de adulteração de combustível teria possibilitado a sonegação de R$ 270 milhões em tributos federais. As informações são de Rodrigo Hidalgo, no Jornal da Band

Logo cedo, os policiais chegaram na mansão da família de um dos investigados em Valinhos, no interior paulista: o empresário José Roberto Monte, dono de uma distribuidora de combustíveis na cidade vizinha de Paulínia. Foram apreendidos documentos, dinheiro, relógios e joias.

O empresárioJosé Roberto Monte acabou preso por posse ilegal de arma em outra propriedade, uma fazenda no Mato Grosso, mas pagou fiança e foi liberado. 

 

“Essa prática pode estar sendo utilizada por outras quadrilhas também. Por isso, que é tão importante que os consumidores procurem se utilizar de postos confiáveis e de valores de combustíveis condizentes com o mercado”, explicou Mirela Batista, superintendente da Receita Federal.

A quadrilha adulterava um composto químico, chamado Arla 32, usado para reduzir a poluição de motores a diesel em caminhões. O líquido é vendido em postos e transforma a fumaça tóxica em vapor d’água. Quando o produto não é utilizado ou é adulterado, o diesel se converte em um gás tóxico prejudicial à saúde. 

Essa foi a segunda fase da operação. Na primeira, em outubro de 2020, um químico suspeito de fazer parte da liderança da quadrilha chegou a ser preso na grande São Paulo. Em uma gravação interceptada com autorização da justiça, ele disse que tinha influência na Agência Nacional do Petróleo.

“Agora eu virei consultor executivo da ANP. O que você quer? Você quer liberar o que agora? Eu libero para você”, disse na gravação (ouça no vídeo acima). 

O Ministério Público investiga se houve envolvimento de servidores públicos no esquema criminoso. A estimativa é que mais de três milhões de veículos tenham sido abastecidos com essas substâncias adulteradas em centenas de postos pelo País. 

“É evidente que se há uma queima irregular de combustível, você tem, em algum grau, um prejuízo ambiental. Entretanto, a gente consegue enxergar, de uma forma mais clara, é um dano ao consumidor. O combustível adulterado vai, em algum momento, gerar um dano ao correto funcionamento do motor do veículo” alerta o promotor de Justiça Alexandre de Andrada Pereira.