‘É um animador de televisão, um inconsequente’ afirma Guedes sobre Mandetta

O ministro da economia, Paulo Guedes, afirmou neste quinta-feira, 29, que o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, é um “animador de televisão” e um “inconsequente”. Em conversa com os membros a comissão mista do Congresso que debate as ações do governo no combate a Covid-19, Guedes disse que a equipe econômica esteve mobilizada desde o início da pandemia do novo coronavírus, ao contrário do que Mandetta escreveu em seu livro. “Vem um ex-ministro da Saúde e diz: ‘Acho que ele [Guedes] não deu muita importância à crise. É um animador de televisão, um inconsequente de falar algo como isso.” Segundo Guedes, no primeiro dia que a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que a doença havia se transformado em pandemia, a equipe econômica disponibilizou R$ 5 bilhões à Saúde.

Guedes também revelou que o único atrito que teve com Mandetta foi sobre o tabelamento dos medicamentos. “Foi proposto por este ministro segurar o preço dos bens e medicamentos. Iria faltar tudo. Nós já vivemos isso. Nós vivemos isso no Plano Cruzado, a Venezuela está vivendo isso hoje. Isso é uma maluquice. Vai sumir tudo, só os ricos vão ter acesso aos remédios”, disse.. Ele também afirmou que Mandetta não era um bom gestor, e que os dois substitutos, Nelson Teich e Eduardo Pazuello, resolveram em pouco tempo questões que se arrastavam na antiga gestão. “A logística começou a funcionar. Ao invés de animação de televisão, começou a ter entrega”.

Guedes também criticou outros auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e afirmou cortes no orçamento não são feitos pela pasta da Economia, mas por “outro ministro gastador”. “Quando tem o ministro gastador, tem o ministro vítima do outro lado. Toda vez que um ministro bate no peito dizendo ‘vou fazer isso, vou fazer aquilo’, prometendo uma porção de coisas, ele está tirando dinheiro do outro ministro”, disse ele, sem citar nomes. Recentemente, Guedes trocou farpas públicas com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, sobre o uso de recursos públicos para mitigar os efeitos do novo coronavírus.

Marinho, que ocupou um espaço importante no governo ao ser um dos articuladores da Reforma da Previdência, se desentendeu com Guedes no início do mês de outubro. Durante as discussões sobre o Renda Cidadã, programa social que o governo estuda implantar para substituir o Bolsa Família, Marinho afirmou, em uma reunião fechada com investidores em São Paulo, que “a dor” para criar o programa “poderia ser furar o teto [de gastos] mesmo”, além de criticar a proposta da equipe econômica de utilizar os precatórios, como são chamados os títulos de dívidas públicas, para financiar o programa.

Ao ser questionado sobre a declaração do companheiro de governo, Guedes disse não acreditar que Marinho tenha falado mal dele. “Eu não acredito que ele tenha falado mal de mim. Se ele tá falando mal, tem três coisas. É despreparado, é desleal e é um fura-teto. Está confirmando que é fura-teto. Então espero que não tenha falado nada de mal”, disse. Diante da repercussão, o Ministério do Desenvolvimento Regional chegou a divulgar uma nota na qual afirmava que as informações sobre a reunião chegaram à imprensa “de maneira distorcida” e que não houve “desqualificações ou adjetivações de qualquer natureza contra agentes públicos”.