Dólar dispara e fecha a R$ 5,76, o maior valor desde 15 de maio

O clima de incertezas com as eleições nos Estados Unidos e novos decretos de lockdown na Europa fizeram o dólar avançar 1,43% nesta quarta-feira, 28, e fechar a R$ 5,762, a maior cotação desde 15 de maio, quando encerrou a R$ 5,839. Na máxima do dia, a moeda norte-americana chegou a bater R$ 5,789, mas perdeu força após o Banco Central injetar mais de US$ 1 bilhão através de leilão.  O Ibovespa, o principal índice de bolsa de valores brasileira, fechou com recuo de 4,25%, aos 95.368,76 pontos. No Brasil, os investidores estão de olho na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que vai divulgar no fim da tarde a taxa de juros da economia. A previsão do mercado é que a Selic se mantenha em 2%, o menor patamar da história.

Em uma nova tentativa de conter a propagação do coronavírus na Alemanha, a chanceler Angela Merkel definiu nesta quarta-feira, 28, que o país entrará em um lockdown parcial. As medidas, que entrarão em vigor nesta sexta-feira,30, e terão uma duração mínima de quatro semanas, incluem a interrupção de todas as atividades esportivas em espaços cobertos, o fechamento de bares e restaurantes e a suspensão de atividades de lazer e eventos culturais. O anúncio do lockdown na França, que também se iniciará na sexta-feira, foi feito na sequência pelo presidente Emmanuel Macron. Nesse país, mais da metade dos leitos de UTI já estão ocupados por pacientes infectados pelo coronavírus e, por isso, as pessoas só poderão deixar as suas casas por razões específicas relacionadas a trabalho ou saúde.

O mercado também está atento nas articulações em Brasilia para a apresentação do Orçamento de 2021 e os esforços do Ministério da Economia em avançar a agenda de reformas. Ainda não há datas certas para a apresentação dos textos complementares das mudanças tributárias e na administração pública, e a opinião de lideranças é que as matérias sejam encaminhadas somente após o segundo turno das eleições municipais, em 29 de novembro — menos de um mês para o recesso parlamentar.

Depois de atingir o recorde de R$ 5,90 em 13 de maio, a moeda norte-americana entrou em processo de arrefecimento até bater R$ 4,85 no início de junho.O constante avanço da moeda nos últimos meses fez com que analistas vislumbrem a quebra da barreira histórica dos R$ 6 antes do fim do ano.  O pessimismo é reflexo de uma “tempestade perfeita” no mercado cambial, formada pela taxa de juros mais baixa da história, a retomada de medidas de isolamento social em diversos países para conter o repique da Covid-19, além das incertezas no governo federal em manter a responsabilidade fiscal.