Caderno e pipoca: filmes, séries e documentários viram ferramenta de estudo

Abrir a Netflix e zapear pelo catálogo à procura de um bom filme ou documentário, à primeira vista, parece um momento de lazer para quem está se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas também pode se transformar em uma ferramenta eficiente de estudo e preparação. Quem quiser transformar aquela sessão caseira de cinema em mais uma forma de estudo precisa estar atento a algumas dicas e cuidados. A pedido do CORREIO, professores de humanas montaram uma lista do que assistir quando o objetivo é se dar bem na prova que será aplicada em 14 de janeiro. 

A professora de História Tania Lima é adepta do uso de filmes como ferramenta de estudo. “Os filmes desenvolvem no aluno habilidades como a interpretação. Toda forma de leitura é válida, e o filme estimula uma leitura mais ampla, que vai além do fato histórico”, opina ela, que faz algumas ressalvas para os alunos que querem aprender de forma mais dinâmica.

“Filmes são ótimos, mas devem vir acompanhados de uma indicação, porque muitas vezes o aluno assiste, mas não consegue captar a mensagem, a essência da obra. Ele pode até gostar, mas precisa entender a ligação com o conteúdo. O ideal é ver e, depois, debater com algum professor, levar dúvidas, confirmar que aquela interpretação do fato está correta”, indica.

“É importante que o aluno tenha tido um contato com o assunto antes de assistir ao filme, que é uma reconstrução sobre a ótica de alguém, contada por alguém que tem liberdade para dar um molho a essa história. Às vezes, o filme altera aspectos para mais ou para menos, faça mudanças no que de fato ocorreu”, alerta o professor de História Miguel Dratovsky.

O professor chama atenção para um estilo que é típico em fazer modificações naquilo que realmente ocorreu. “Em filmes biográficos, exemplo, é natural que se mostre a pessoa enquanto herói absoluto, e que não se vá muito a fundo em determinados aspectos, ou que se escolha focar apenas em um traço ou aspecto da vida daquela determinada figura histórica, Não é errado, mas merece atenção dos alunos”, diz o mestre. 

Para o professor de filosofia Danilo Reis, os filmes são ferramentas importantes para que o aluno tenha a curiosidade aguçada. “Os filmes abrem horizontes e chamam atenção para detalhes e curiosidades que talvez um estudo mais convencional, por um livro ou apostila, não traga”, diz o professor, que completa com uma dica na hora de usar a ferramenta de estudo de forma mais eficiente:

“É bom que o aluno assista o filme pelo menos duas vezes, assim ele consegue uma visão mais analítica e menos de entretenimento, fazer anotações de informações que possam ser pesquisadas depois, tudo isso ajuda”, diz ele, que ensina nos colégios Sartre, Módulo e Bernoulli. 

Ferramenta útil
Na visão dos alunos, os filmes acabam se transformando em uma maneira leve de ter contato com os assuntos. “Muitas vezes é uma forma de você estudar algo que você não tem tanta afinidade, que seria chato pra você. É uma maneira lúdica também de entrar em contato com o assunto, acaba sendo mais fácil absorver”, opina a estudante Fernanda Costa, 18 anos, que quer estudar Comunicação. 

Para o professor de geografia e coordenador do Pré-Vestibular do Bernoulli, Ademir Aquino, através do filmes os alunos também podem construir um diferencial. “Muitas vezes, o aluno precisa se destacar de alguma maneira e talvez, vendo um filme, e conseguindo transportar aquele conteúdo para o papel, o estudante tem esse diferencial. O filme é algo que leva a uma reflexão muito grande, faz com que o aluno perceba que aquilo que é visto na teoria também tem relação com a prática. Quanto mais relacionar com o cotidiano, mais fácil o aluno consegue assimilar o assunto”, explica. 

Professor de geografia, Ademir Aquino vê nos filmes uma boa ferramenta de estudo (Foto: Acervo Pessoal)

,As obras cinematográficas, segundo o professor, podem ser usadas de duas maneiras: como complemento ao que foi dito pelo professor, ou como forma de despertar o interesse do aluno por determinado assunto. Além disso, a forma de estudo ainda contribui para desenvolver uma habilidade importante: o senso crítico. “Toda obra tem um contexto sociopolítico, que é a visão de mundo de quem fez, que o autor tem daquilo que ele está contando. É importante para o aluno desenvolver o senso crítico, até para não tomar tudo que ele assiste como verdade absoluta”, diz Aquino. 

“Quando eu percebi que conseguiria me divertir e ao mesmo tempo aprender, passei a usar a Netflix de uma outra maneira. Sempre gostei de documentários, mas só agora no terceiro ano é que passei a assistir com esse olhar de estudo”, conta o futuro historiador Rodrigo Barros, 17 anos.

“É uma forma mais eficiente de absorver certos assuntos que eu uso desde o terceiro ano, muito por conta de o filme acabar sendo uma ferramenta mais didática e que também estimula outras áreas do nosso cérebro, o aprendizado fica mais fácil”, acredita o estudante Enzo Galeffi, que está no curso pré-vestibular estudando para buscar uma vaga em Medicina e assiste a séries como Segunda Guerra em Cores (veja lista de indicações abaixo).

 O aspecto da diversão, apesar do que pode parecer, é também importante nessa reta final. “O filme é também uma forma do aluno sair um pouco da rotina que ele se impõe, e que pode desgastá-lo antes do tempo. É uma forma de suavizar o estudo, a relação do aluno com o livro que é tão intensa nesse período, e que pode gerar uma sensibilidade”, diz Ademir. 

Tudo é repertório
Se engana quem pensa que os filmes são úteis apenas para estudar momentos históricos se engana, Obras de ficção, inclusive as tão queridas séries, são uma boa fonte do chamado repertório sociocultural, tão importante no Enem. “Um bom texto precisa sair do “achismo” e os argumentos solidificados em citações, alusões históricas, obras literárias e, agora, mais do que nunca, também nos, filmes e documentários. A Netflix tem se tornado ferramenta de estudo em função de muitos conteúdos dialogarem com diversas discussões importantes. Essas discussões, não por acaso, acabam aparecendo como temas de Redação”, conta a professora Bruna Guimarães do curso GPS Português e Redação.

A professora de redação explica como os filmes podem ajudar na hora de produzir os textos. “É importante que os filmes estabeleçam vínculo discursivo com essas temáticas para que se gere uma reflexão crítica acerca da questão que está em pauta. São temas como racismo, do machismo, das doenças psicossomáticas entre adolescentes, hiperconectividade, pedofilia, dentre outras questões que assolam o Brasil e o mundo e que os filmes podem ajudar o aluno a compreender melhor”, diz a professora. 

Hoje universitário de dois cursos ao mesmo tempo, o estudante Caio Pereira, 19 anos, usou os filmes justamente para melhorar na redação. “Eu dominava a técnica, tinha confiança na escrita mas ficava nervoso porque achava que não tinha conteúdo. Os filmes foram fundamentais para melhorar meu desempenho na matéria”, conta ele, que passou de um desempenho de 500 pontos para atingir mais de 800 no Enem.

Hoje universitário, Caio Pereira, 19 anos, usava os filmes como forma de garantir repertório para as redaçoes (Foto: Acervo Pessoal)

A tática de Caio é também recomendação dos professores. “A tecnologia fez com que os vídeos e filmes acabaram substituindo um mecanismo que era muito usado por nós professores que eram os livros e revistas, um aporte importante para o professor em sala. Nas décadas de 80 e 90, existiam inclusive revistas de atualidades, e voltadas para determinadas matérias. Nessa geração, com tantos recursos, a leitura no papel acabou perdendo espaço e os filmes vem para suprir esse papel. Antes a revista servia para aumentar vocabulário, argumentos para a redação, agora esse papel também é dos filmes”, comenta Ademir Aquino.

Sessão Estudos

Veja as 18 indicações dos professores na hora de usar a Netflix à favor da aprovação

Os 7 de Chicago – Bom para história, o filme retrata contextos como Guerra Fria e do Vietnã e a democracia nos EUA. 

Oceanos de plástico – Documentário traz questões ambientais sérias e pode ser útil para matérias como geografia, biologia, química, e matemática 

Democracia em Vertigem – Indicado ao Oscar, o documentário trata de questões politicas no Brasil e pode ser útil não só para a prova de humanas, mas como repertório para redação. 

Segunda Guerra em Cores – O momento histórico é retratado em uma série documental que traz registros coloridos de momentos como o ataque a Pearl Harbor e o dia D e pode tornar o estudo mais interessante e visual. 

Merli – A série pode parecer diversão, mas cada um de seus episódios tem como pano de fundo um filósofo importante e suas ideias. Uma boa maneira de aprender a matéria, principalmente para os alunos que encontram dificuldade. 

Dilema das redes – Um dos sucessos mais recentes da Netflix, o documentário que trata das redes sociais traz informações relevantes sobre um tema bastante atual e pode ajudar o aluno na hora da Redação

Getúlio – Cinema nacional para estudar uma figura importante da história do Brasil. É preciso cuidado na hora de analisar os contornos dados pela obra ficcional ao personagem real

Mundo Mistério – Série é baseada em mistérios da ciência e pode tornar as disciplinas de Naturais mais interessantes para os alunos com mais dificuldade

Explicando – Outra série documental, o trabalho é focado em temas atuais e tem a intenção de detalhá-lo, por isso pode ser muito útil para que o aluno construa repertório,  

 Guerras do Brasil – Documentário relata as guerras e o processo de formação da nação brasileira. 

 Elizabeth – FIlme vencedor do Oscar, é um prato cheio para os estudos de história.  Trata de assuntos como o  início da Idade Moderna, formação do Estado Nacional, monarquias absolutistas, Reforma e Contrarreforma, além de abordar o poder da igreja católica

Até o último homem –  A obra fala sobre a invasão dos japoneses a Pearl Harbor em dezembro de 1941. Uma forma de estudar o período da Segunda Guerra através da ficção.

A lista de Schindler –  Outra obra que aborda o período da Segunda Guerra Mundial é uma boa pedida para quem quer estudar a Alemanha Nazista. 

Para quando o carnaval chegar – O documentário discute temas como indústria e  condições de trabalho a partir da realidade da fabricação de jeans em Pernambuco

Black Mirror – Famosa como entretenimento, a série também pode colaborar na hora do repertório de redação por tratar de temas bastante atuais

Cownspiracy – Documentário trata dos impactos da indústria da carne no planeta e pode ser útil para matérias como biologia e redação

Coisa mais linda – Série de ficção é uma boa pedida para entender o contexto brasileiro na década de 50, tratando de temas até hoje atuais como racismo e machismo. 
Um novo capitalismo – Documentário traz alternativas ao capitalismo  atual que já estão sendo exploradas por grandes empreendedores, Outra boa pedida na área de atualidades

CORREIO traz fascículos para revisão

O CORREIO publica até o dia 13 de janeiro, 17 fascículos especiais do 14º projeto Revisão Enem 2020. Na semana passada o tema foi Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias.Nesta semana o caderno traz questões de Ciências Humanas e suas tecnologias. 

Com simulados online, que são disponibilizados no site do jornal (correio24horas.com.br), os conteúdos contam com uma série de questões objetivas, realizadas pelo SAS Educação, para os estudantes testarem os seus conhecimentos nas disciplinas cobradas no Enem. “É um projeto pensado para facilitar a vida do estudante nessa reta final, os conteúdos são desenvolvidos para abranger todas as 120 habilidades cobradas no Enem e os assuntos mais recorrentes nas provas, para que o aluno descubra, uma forma dele se aproximar mais da realidade do exame,  além de disponibilizar as vídeoaulas com as resoluções para que o aluno também aprenda o conteúdo que ainda não sabe”, diz o professor Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações Educacionais no SAS Plataforma de Educação

Além disso, sempre às quartas-feiras, o site Correio24horas conta com videoaulas.As aulas podem ser acessadas na íntegra no canal www.correio24horas.com.br/revisao. Reunimos em um só lugar materiais inéditos de estudo que serão atualizados semanalmente e ficarão disponíveis para serem consultados sem sair de casa, a qualquer momento, de qualquer lugar, computador ou celular. Toda quarta-feira o estudante poderá ler conteúdos especiais, assistir videoaulas e realizar simulados para testar os seus conhecimentos nas mais diversas áreas”, diz Vanessa Araújo, coordenadora de projetos do CORREIO. 

Além do contéudo de revisão disponibilizado no site do CORREIO, a  UniFTC oferece gratuitamente, toda sexta-feira, aulas de revisão para o ENEM com professores renomados de grandes escolas. Mais uma oportunidade para o leitor estudar através de conteúdo gratuito e de qualidade. Para se inscrever nas aulas gratuitas é preciso acessar o site http://materiais.ftc.edu.br/revisa-enem 

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro