Lava Jato foi o melhor esquema político de marketing, diz João Santana
O publicitário baiano João Santana disse que a Operação Lava Jato levaria todos os prêmios de “marketing político e eleitoral” de 2015 a 2017. Em entrevista ao Roda Viva na noite da segunda-feira (27), ele falou pela primeira vez desde que foi preso em 2016, pela própria Lava Jato.
“A Lava Jato foi o melhor esquema político de marketing já montado no Brasil. Se tivesse um prêmio de marketing político eleitoral, a Lava Jato teria levado o tricampeonato: 2015, 2016 e 2017”, afirmou.
Santana foi responsável pelas campanhas de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014). Para ele, a Lava Jato usou “vertentes perigosíssimas da comunicação política”.
“A Lava Jato, querendo ou não, alimentou a rede de ódios. Tinha matéria-prima, mas não interessa a matéria-prima, estou falando do processo em si. A máquina de ódio foi alimentada”, acredita.
Como mérito da operação, ele indicou que ela colou “o dedo mais fortemente” na caixa 2, que ele chamou de a “alma” do sistema eleitoral do Brasil. “O caixa dois não foi uma unha encravada no sistema político brasileiro. O caixa dois foi sempre a alma do sistema eleitoral brasileiro, era uma coisa geral, especifica, poucos foram punidos”, diz.
“Ele não”
Para o marqueteiro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é um “fenômeno eleitoral”, mas não contrariou a lógica ao conseguir se eleger com apenas 18 segundos de propaganda gratuita na TV. Ele lembrou que o então candidato teve exposição contínua com a facada que levou em Juiz de Fora durante a campanha.
Para Santana, também, a campanha “Ele não” ajudou a manter o nome do candidato no noticiário. “Ele começa o horário eleitoral com 20%, entra e tem a maior exposição possível por causa do absurdo trágico e abominável que foi o atentado contra a vida dele. Depois ainda tem, vai ficar polêmico, ainda tem um erro tático: o “Ele não”. Aí ele vai para o segundo turno e a exposição é igual, foi esse fenômeno”, avalia.
A eleição também se explica, diz, com a candidatura indeferida de Lula, até então considerado o nome favorito, e a escolha pelo PSDB de Geraldo Alckmin, que ele chamou de “pior candidato” que o partido poderia ter.
Para ele, a chpa de esquerda “imbatível” seria formada por Ciro Gomes (PDT) e Lula como vice, o que avaliou como “impossível” de acontecer. Lula seria o melhor perfil de vice que poderia ter. Impossível ser isso (vice de Ciro), mas essa chapa seria imbatível. É imitar a solução genial eleitoral, que a Cristina (Kirchner) fez na Argentina”, diz.
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