Sabatina CORREIO: Rodrigo Pereira diz que fim do capitalismo é a solução para Salvador

Rodrigo Pereira (PCO) foi o sétimo candidato à prefeitura de Salvador que participou da Sabatina promovida pelo jornal CORREIO nesta quinta-feira (22). Durante uma hora de conversa, em que o postulante respondeu perguntas feitas pela redação, leitores, especialistas e entidades, ele defendeu a tese de que a solução para a capital baiana é a “super estatização” da economia e o fim do capitalismo.

Na primeira pergunta da sabatina, “Em sua opinião, qual é o problema mais urgente de Salvador e por que você se considera o melhor candidato para resolvê-lo?”, feita para todos os candidatos entrevistados, Rodrigo respondeu que era a desigualdade social causada pela “estrutura política”.

“O saneamento básico é precário, com a população mais pobre sofrendo com esgoto passando na porta. Na saúde vemos as filas enormes nos hospitais, um problema que ocorre há muito tempo. Não tem educação básica, sem creches para todas as crianças. A nossa candidatura vem para apontar esses problemas, mas não serei demagogo dizendo que vou resolver todos esses problemas, caso eleito, pois sei que não há recursos o suficiente”, ponderou.

Para resolver todos esses problemas, o candidato apontou uma única solução: a criação de um super estado, capaz de gerar empregos e serviços para toda a população. Por isso, na visão dele, a administração de Salvador tem que ser vista como parte de uma visão “macro”, com o país passando por uma revolução operária.

Durante a sabatina, Rodrigo também fez críticas aos adversários políticos e à classe empresarial. Após defender que esta classe deveria ser, se não extinta, diminuída, o postulante foi questionado como garantiria o emprego para a população sem o auxílio da iniciativa privada, responsável por empregar a maioria da população.

“Hoje o empresariado recebe diversos incentivos que só servem para alimentar esses ‘tubarões’ que exploram o trabalhador. Temos que cortar essas vantagens. O setor de transporte, por exemplo, tem diversos auxílios e o serviço segue péssimo. E temos que crescer a máquina pública para ter mais servidor público. Vamos tirar o dinheiro desses incentivos para aumentar a máquina pública, gerando mais empregos”, prometeu.

O único setor público que ele defendeu a diminuição é o de segurança. Rodrigo disse que a polícia militar e a guarda civil deveriam ser extintas, pois, na visão dele, essas instituições são instrumentos para oprimir as pessoas mais pobres e negras.

“O fim da Polícia Militar é a solução para o fim da violência. Você não resolve violência com mais violência, mas sim com educação e saúde. A situação em que as pessoas vivem as levam para a violência, como esgoto passando na porta. Por isso defendemos acabar com o capitalismo, pois esse é um problema que atinge o mundo inteiro. Também existe a violência policial com a juventude negra. Queremos extinguir a guarda municipal, que é um aparato de repressão aos trabalhadores, inclusive com o ‘rapa’ oprimindo os ambulantes”, defendeu.

Rodrigo tem apenas o seu partido, o PCO, formando a sua chapa. Questionado sobre como ele iria conseguir governar sem formar coalizões com outras siglas, ele disse que sua aliança é com o povo.

“É isso que a gente faz todo dia. A eleição é mais a etapa de uma luta, uma oportunidade de dialogar com um setor da população que tem descrença na política. Uma pessoa que trabalha até 16 horas por dia e não acredita na política. Não dá para se aliar com aqueles que o oprimem, os deputados golpistas. Nosso chamado é para chamar e organizar a classe trabalhadora contra os opressores”, disse.

Perguntas das entidades

  • Angela Ventura, superintendente executiva da Associação de Pais e Amigos Excepcionais (APAE):

No município de Salvador, segundo o último Censo, existem 35 mil pessoas com deficiência intelectual. Pelo contexto da própria deficiência e estrutura social, elas sofrem com  o peso da discriminação e exclusão. Pensando nesse contexto qual o plano do (a) candidato (a) para ampliar o cofinanciamento dos serviços socioassistenciais para as pessoas com deficiência no município, ampliando a rede socioassistencial e o acesso dos pcd. Agora que temos a lei do suas, está previsto o surgimento de serviços e cofinanciamento para habilitação e reabilitação dos PCDS, dentro da política de assistência social, voltada para socialização, ressocialização  e fortalecimento de vínculos familiares, em unidades de proteção especial de média complexidade dentro da política de assistência social. Qual a proposta nesse sentido?

Rodrigo Pereira: “O sistema de saúde deveria garantir acesso a todos. A APAE presta um serviço belíssimo, mas, na nossa opinião, não deveria existir. O problema é que o serviço de saúde é ineficiente. Infelizmente a população é obrigada a recorrer a essas organizações. Por isso precisamos ampliar o SUS, garantir que as pessoas tenham acesso à saúde público e de qualidade”.

O CORREIO entrou em contato com a APAE, que se recusou a comentar a resposta do candidato para não criar polêmica.

  • Mario Dantas, presidente da Lide Bahia e da Associação Comercial da Bahia:

Qual o plano de governo do candidato para o desenvolvimento empresarial do município?

Rodrigo Pereira: “O setor privado deve ser mínimo e o estado máximo. Mas temos que proteger a pequena parte do empresariado que cuida do país, pois hoje vivemos um momento de especulação em que os grandes empresários pegaram o dinheiro do povo e levaram para fora do Brasil.”

Mário Dantas não foi localizado pela reportagem do CORREIO para comentar a declaração do candidato.

  • Paulo Cavalcanti, vice-presidente da Associação Comercial da Bahia:

Na sua opinião qual a vocação de desenvolvimento de negócios da capital baiana?

Rodrigo Pereira: “Por exemplo, a política de usar o Carnaval como festa popular foi desmontada. Hoje existe o Carnaval comercial. Neste ano eu vi cenas tristes no Centro, com artistas que deveriam desfilar por aqui e estão pagando multas para não desfilar no Carnaval histórico no Campo Grande e Avenida Sete. Outro absurdo é a questão das cervejarias, com o prefeito obrigando os ambulantes a venderem só uma marca de cerveja. Isso é autoritarismo.”

Paulo Cavalcanti não foi localizado pela reportagem do CORREIO para comentar a declaração do candidato.

  • Presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do Estado da Bahia (Sinapro-Bahia), Vera Rocha:

A propaganda é um serviço essencial, porque ela divulga e fortalece empresas/marcas que movem a economia. Os centros das atividades econômicas de Salvador são serviços e turismo. A publicidade é essencial para divulgar Salvador e assegurar o crescimento do turismo. O Sinapro-Bahia (Sindicato das Agências de Propaganda do Estado da Bahia), junto com outras entidades do setor, pleiteia um incentivo através da redução do ISS. Se eleito/a, na sua gestão, o/a senhor/a trabalharia para assegurar esse pleito?

Rodrigo Pereira: “Nós acreditamos na propaganda de agitação, com cartaz e panfleto na rua na perspectiva de dialogar com a classe trabalhadora. No sistema capitalista, a propaganda também é necessária. Não vou dizer aqui que vou resolver pois sei que não vou ser eleito. Mas concordo com ela que é necessário mostrar ao mundo as belezas de Salvador. Mas também precisamos mobilizar a população para derrubar esse governo facista.”

Vera esteve em reunião durante a tarde desta quinta-feira (22) e não pôde atender à reportagem do CORREIO

Sabatina CORREIO
O CORREIO está promovendo uma sabatina com 8 dos 9 candidatos à prefeitura de Salvador. Pastor Isidório (Avante) chegou a confirmar participação, mas depois cancelou alegando falta de espaço na agenda. 

Até então já foram ouvidos Bacelar (Podemos), Major Denice (PT), Hilton Coelho (Psol), Cézar Leite (PRTB), Olívia Santana (PC do B), Rodrigo Pereira (PCO) e Celsinho Cotrim (Pros). O último postulante a ser ouvido será Bruno Reis (DEM). A entrevista será nesta sexta-feira (23), às 13h, e poderá ser acompanhada através do Instagram, Facebook e YouTube do CORREIO.