Chico Rodrigues, senador flagrado com dinheiro na cueca, pede afastamento do cargo por 90 dias

SÃO PAULO – O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com R$ 33 mil na cueca em operação da Polícia Federal, protocolou, nesta terça-feira (20), um pedido de licença do cargo por 90 dias junto à Mesa Diretora do Senado Federal. O movimento ocorre em meio a uma pressão da sociedade e de colegas sobre o parlamentar.

Durante o período, o senador, que foi vice-líder do governo na casa legislativa, não receberá salário. Como o afastamento é inferior a 120 dias, o suplente do parlamentar não assumirá o mandato. O primeiro na lista da chapa eleita é Pedro Arthur Ferreira Rodrigues, seu filho.

A expectativa de senadores é que, com o pedido, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) não julgue decisão monocrática do ministro Luís Roberto Barroso que determinou o afastamento de Rodrigues por 90 dias. A posição também é vista como parte de uma estratégia para preservar o mandato do senador após o flagrante.

Ontem (19), o presidente do Conselho de Ética da casa legislativa, Jayme Campos (DEM-MT), sugeriu que o correligionário pedisse uma licença de quatro meses. “Eu sugiro para o senador pedir um afastamento por 120 dias para não dizer que está obstruindo o andamento dos trabalhos e a apuração dos fatos. Mas essa é uma decisão pessoal dele, temos que respeitar”, disse.

Até o momento, no entanto, não há certeza de que o julgamento não ocorrerá. Por meio de sua assessoria, Barroso informou que analisará o caso se e quando informado oficialmente do pedido de licença do senador. Nos bastidores, há uma avaliação de que o magistrado pode pedir retirada de pauta, uma vez que o efeito da liminar teria sido alcançado, mas manter o tema sob alçada do plenário.

O senador foi flagrado em operação que investiga esquema de desvio de recursos públicos para o combate à pandemia do novo coronavírus em Roraima. O parlamentar tentou esconder dinheiro na cueca quando policiais federais foram cumprir mandados de busca na sua casa, em Boa Vista. Rodrigues nega irregularidades e diz que o dinheiro seria usado para pagar funcionários.

O caso levou senadores dos partidos Rede Sustentabilidade e Cidadania a protocolarem uma representação para apurar a conduta do ex-vice-líder do governo Jair Bolsonaro na casa. Os requerentes dizem que é “incompatível” com o mandato de um parlamentar recebimento de “vantagens indevidas”. As legendas alegam que a punição neste caso deve ser a perda do mandato.

Até ontem, Chico Rodrigues era membro titular do Conselho de Ética em um dos assentos do DEM. Ele pediu seu desligamento do colegiado, assim como da comissão mista que acompanha as ações do governo contra a covid-19, da qual era suplente.

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