Celeiro de Inovações
O ambiente urbano é, por excelência, um celeiro de inovações. É preciso aproveitá-lo. Daí porque hoje em dia é essencial estimular, em cada município, o desenvolvimento de um ecossistema de inovação e empreendedorismo.
O empreendedorismo tem sido o caminho para o fortalecimento de micro e pequenas empresas convencionais, além da formalização do microempreendedor individual (MEI), com o que contribui fortemente o Sebrae, dando suporte à capacitação e consultorias especializadas.
Tornou-se, no entanto, modelar a criação de espaços apropriados para a realização de atividades inovadoras. As incubadoras de empresas são o formato assumido por essas iniciativas, que vêm apresentando nomes marqueteados para estimular ainda mais a criatividade. Caracterizadas por ambientes físicos mais descontraídos, mas amplamente apoiados em tecnologia e bem infraestruturados para concentrar e estimular atividades em que se inserem as startups e todo o apoio de que precisam: monitoria, aceleradores, investidores-anjo, bancos, capacitação, salas de reuniões e treinamentos, escritórios virtuais, espaços para eventos, showroom, laboratórios de pesquisa, espaço de coworking e vários serviços compartilhados de apoio. Uma característica é a permanência aí por tempo limitado. O resultado esperado é a transformação da economia local.
A expectativa será sempre o surgimento de novos unicórnios – aquelas startups que crescem tanto a ponto de ultrapassar em faturamento a casa do bilhão de dólares. Geralmente são iniciativas disruptivas, capazes de provocar alterações radicais nos modelos de negócios até então vigentes, a exemplo dos aplicativos de transporte (Uber, 99), aluguéis por temporada (Airbnb), serviços financeiros (Nubank, PagSeguro), entrega de alimentos (iFood) e assim por diante.
Em relação às cidades e soluções urbanas, há um amplo leque de startups já desenvolvidas e utilizadas como para a locação de bicicletas e patinetes, o aluguel de imóveis, as entregas rápidas, entre outras. Muito espaço há, pois, para a melhoria do funcionamento de nossas cidades.
Ainda que as fintechs tenham se tornado as mais notórias, as startups se destacam em vários outros setores como as edtechs, agtechs, autotechs, biotechs, lawtechs, indtechs, etc., todas com os acrônimos indicando os respectivos setores de atuação, o que mostra a variedade e diversidade de opções que se destacam e têm espaço no mercado.
Embora predominem as incubadoras de base tecnológica – e todas elas envolvem o uso intensivo de tecnologia – podem e devem assumir perfis específicos, em conformidade com o interesse da cidade que for implantá-la. Nesses casos, a integração com a base econômica local constitui uma importante referência para definir o perfil de uma incubadora. Se o município conta com um segmento econômico que lhe é relevante, pode ser este o suporte para o estímulo a novas e modernas atividades, tirando proveito das sinergias possíveis.
Há, no entanto, outras incubadoras de características mais gerais, como as dedicadas à economia criativa, voltadas não apenas às artes, mas também à gastronomia, à moda, ao design e tantas outras atividades econômicas que gravitam nessa área; também há o caso da busca por projetos de impacto social, voltada à superação dos problemas da desigualdade, a partir do desenvolvimento de negócios sociais; o setor de serviços, que é hoje a principal alavanca da economia, constitui outra vertente bastante rica e diversificada de objetivos. Existe, portanto, um amplo leque de opções e alternativas, para servirem de inspiração a uma definição sob medida para as prefeituras que as queiram implantar.
Em qualquer hipótese, a construção de parcerias é essencial para que a Prefeitura não enverede sozinha por uma área para a qual não tem experiência nem capacidade gerencial. Mas a articulação e implantação de uma incubadora de negócios pode ser um primeiro passo estratégico para a abertura de novas perspectivas econômicas para um município.
Waldeck Ornélas é especialista em planejamento urbano-regional.