Exposição no Pelourinho faz homenagem a profissionais da saúde
As coisas do dia a dia, aquilo que vem do peito e se torna cada vez mais brega, os símbolos universais como a fórmula matemática de Bháskara: dessa maneira Whasington Arléo, 66 anos, tem construído sua carreira como artista plástico, cenógrafo cidadão do mundo.
Quem passa pela Rua da Ordem Terceira, no Pelourinho, pode ver seus quadros e exposições com o velho artista. A mais recente é Jaleco Branco, na qual ele homenageia os profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra o coronavírus.
Nascido em Ituberá, o artista visual repete várias vezes que ‘ninguém nasce pra nada’, mas ao mesmo tempo desacredita que as pessoas chegam a este plano destinadas a cumprir uma missão ou função. Parece contraditório e talvez até seja, mas é isso aí que Arléo pensa. E defende com vigor.
O desejo de trabalhar com arte veio quando era adolescente. Viajava com uma antiga namorada para a Ilha de Itaparica e subiu em um coqueiro. Acidentou-se. E ficou um tempo sem conseguir mexer as pernas. Pensou que não poderia depender delas para sobreviver e viu na arte uma opção de ofício: “Se eu não movimentar meus pés novamente, vou trabalhar com as mãos”. E assim foi feito.
Durante a trajetória, trabalhou com cenografia para teatro e cinema. Chegou, inclusive, a trabalhar em produções internacionais como o filme Orquídea Selvagem, de Zalman King, lançado em dezembro de 1989, na Itália. Algumas das cenas foram gravadas em Stella Maris.
Além disso, foi presidente da Associação dos Artistas Plásticos da Bahia, integrou o Conselho do Carnaval (Concar) e foi diretor da Galeria Solar Ferrão. Já chegou a vender suas peças, geralmente grandes, por mais de R$ 100 mil.
O foco de Arléo agora é fazer de sua arte um diário de sua própria vida, para que ela possa ser contada e estar presente na vida de pessoas na Bahia, no Brasil e no mundo. Mas ele também gosta de se meter em causas sociais e foi dessa maneira que criou exposições como a Para Tocar – várias obras temáticas com tradução em braille.
Nessa mesma linha nasceu a sua exposição Jaleco Branco, em homenagem aos profissionais da saúde, que acontece durante os finais de semana no Arléo Art Studio, que fica na Rua da Ordem Terceira, 9, e é gratuita.