Homem mata companheira a facadas em Salvador e foge com filha: 'monstro, covarde'
Uma discussão acirrada chamou a atenção dos moradores do bairro da Vila Rui Barbosa, em Salvador. Os berros e os insultos foram tantos que fizeram os vizinhos procurar um dos donos da casa. “Está tudo ‘ok’, já está resolvido”, disse, serenamente, o borracheiro Wesley Santos Faria, antes de fechar a janela.
O que os vizinhos não perceberam naquele momento é que, nas entrelinhas, Wesley tinha acabado de confessar uma barbárie: ele havia matado a facadas a companheira Michele Silva de Souza, 33 anos.
O crime aconteceu por volta das 11h30 dessa quinta-feira (9), na Rua Monteiro Lobato.
“Os vizinhos disseram que na gritaria, ela dizia que não queria mais ele. Depois ‘ouviram’ um silêncio. Ela já estava sem vida. Foram vários golpes; só na ‘saboneteira’ (clavícula) foram oito perfurações. Ele não é um homem, porque um homem de verdade não faria isso. Ele é um monstro, um covarde”, disse o cunhado da vítima, Márcio de Jesus.
Após matar Michele, Wesley fugiu de bicicleta levando a filha do casal. Parentes entraram em desespero, temendo que o pior também acontecesse com a criança, que havia testemunhado tudo. “Ele disse uma vez que, caso Michele terminasse, mataria ela e a filha e depois cometeria suicídio”, disse Márcio.
A menina foi encontrada na manhã desta sexta-feira (9), na cidade de Valença, no Baixo Sul do estado. Em nota, a Polícia Civil informou que a 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS) segue com as investigações do feminicídio de Michele e que “o principal suspeito, companheiro da vítima, teve a prisão decretada pela Justiça e está sendo procurado pela polícia”.
|
Michele foi morta a facadas pelo companheiro, que é procurado pela polícia (Foto: Divulgação) |
Morte
Trabalhadora autônoma, Michele estava com Wesley há cincos anos, num relacionamento marcado por términos e reconciliações.
“Ele era doente por ela e pela filha. Por ele, as duas não saíam nunca de casa. Queria afastar as duas de todos, inclusive da família. Durante as brigas, ele batia nela, ameaçava de morte. Ela terminava, mas depois reconciliava. Ele tinha um amor doentio. Dizia que se não ficasse com ele, ela não ficaria com ninguém”, contou Márcio, cunhado da vítima.
Segundo ele, os vizinhos perceberam uma discussão acirrada do casal, mas desta vez ainda mais do que as anteriores.
“A rua toda parou para ouvir, ao ponto dos vizinhos irem até a casa para ver o que estava acontecendo e ele, friamente, disse que já tinha resolvido toda a situação. Ela decidiu terminar porque não aguentava mais ele”, relatou o cunhado da vítima.
Ele disse ainda que os vizinhos estranharam o fato de Wesley ter saído às pressas e foram até o imóvel. Lá, encontraram o corpo de Michele e acionaram a polícia.
A Polícia Militar informou que, por volta de 11h30, a PM foi acionada via Cicom (Centro Integrado de Comunicações) para verificar uma situação de agressão à mulher em uma residência na Rua Monteiro Lobato, no Jardim Cruzeiro, em Salvador.
“Quando os policiais militares da 17ª Companhia Independente (CIPM/Uruguai) chegaram no endereço, encontraram o corpo da vítima com ferimentos e isolaram a área. Uma equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) esteve no imóvel e constatou a morte”, diz trecho de nota.
Filha
Além do choque pela morte de Michele, parentes da vítima tiveram que lidar com outra situação: o desparecimento da filha do casal. “Ele fugiu com ela, mas graças a Deus a criança foi encontrada”, disse Márcio. A menina foi deixada por Wesley na casa de uma irmã, em Valença, onde vivem outros parentes dele.
“Ela contou que não sabia de nada, que ele apenas deixou a filha e saiu”, contou ele.
Márcio disse que a menina foi trazida para Salvador por parentes de Michele que moram em Cairu, cidade do Recôncavo, vizinha de Valença. “Como estamos resolvendo um problema para que seja feito o enterro, eles, que já viriam para o velório, passaram por lá e trouxeram ela”, disse o cunhado da vítima.
O enterro de Michele ainda não tem previsão para acontecer. Isso porque, antes de fugir, Wesley queimou alguns documentos pessoais da companheira e outros foram levados por ele, o que está dificultando o processo formal de identificação do corpo junto ao Departamento de Polícia Técnica (DPT).
Na manhã desta sexta-feira (9), parentes estavam no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na tentativa de solucionar a situação. “Aguardamos uma declaração para encaminhar ao DPT, para que seja possível o enterro”, finalizou.