Tudo que você precisa saber sobre os pneus: validade, carga e velocidade

Ligação do veículo com o piso, o pneu influência na dirigibilidade e segurança. Se estiver murcho, por exemplo, pode dificultar as manobras e aumentar o consumo de combustível

Por muitas vezes o motorista só nota os pneus quando eles estão baixos, furados ou desgastados. Mas medidas simples podem ampliar a vida útil desse equipamento, responsável pelo contato do veículo com o piso e que influencia diretamente no consumo e segurança.

A primeira medida é manter a pressão do ar correta. O ideal é que os pneus sejam calibrados pelo menos duas vezes por mês e se a carga do carro for alterada, a pressão do ar precisa ser ajustada. Dessa forma, se você anda sozinho no carro durante a semana e vai viajar com a família, passe no posto e faça a correção. Os dados estão no manual do automóvel, fixados na lateral da porta do motorista ou na tampa do tanque de combustível. Lembre-se de calibrar também o estepe.

É importante que o motorista tenha a consciência que a pressão foi determinada depois de diversos estudos do fabricante do veículo em parceria com o fornecedor de pneus. Há diversas variáveis envolvidas e o frentista não irá te dizer com precisão qual a indicada para o seu veículo, pois ela pode variar inclusive entre versão e ano do carro. O pneu murcho irá causar um consumo maior de combustível e muito cheio poderá atrapalhar na aderência.

E se muita gente acha que os carros se parecem, imagine o que vão dizer de um objeto que é sempre preto e circular. Mas os pneus são muito diferentes entre si. E em torno deles estão grafadas diversas informações que são vitais para a condução.

A bula fica na lateral
Essa compilação de dados é chamada de DOT, sigla para Departament of Transportation (departamento de transporte, em português), pois foi criado nos Estados Unidos onde a legislação exige que os fabricantes forneçam informações padronizadas que sejam permanentemente impressas nas laterais de todos os pneus comercializados no país. É preciso constar tamanho, largura e fabricação, por exemplo. 

Essa prática foi adotada por outros mercados, inclusive o Brasil. “Conhecer o DOT é como ter acesso à carteira de identidade de um pneu”, explica Rafael Astolfi, gerente de assistência técnica da Continental.

Assim, se houver a necessidade de substituição é importante que o equipamento siga as medidas do anterior, a começar pelas dimensões. 185/55R16, por exemplo, significam, em ordem, a largura em milímetros, a altura em porcentagem e o diâmetro da roda em polegadas. 

Outro ponto importante é índice de carga, que se refere ao peso máximo que ele suporta (considerando estrutura do carro, ocupantes e bagagem/carga). Estes índices são códigos numéricos que vão de 0 a 279, correspondendo cada um a uma carga máxima x, em kg. Esse é o peso que um pneu suporta, para saber o peso do conjunto, multiplique por quatro.  É uma marcação reconhecida mundialmente. 

Veja o que as marcações do pneu correspondem. Clique para ampliar (Imagem: Pirelli)

Os índices para pneus que equipam veículos de passeio vão mais ou menos do código 70 (335 kg) ao 169 (5.800 kg). Os pneus para carros de entrada, normalmente, possuem índice em torno de 82 (475 kg), enquanto que um pneu para carro de luxo de alta potência possui índices mais altos, em torno de 91 (615 kg). A tabela completa normalmente está disponível nos sites dos fabricantes de pneus e no manual de orientação e garantia dos produtos.

O código de velocidade indica a velocidade máxima a que este pneu pode ser submetido. O código é representado por letras e indicam velocidades de 50km/h a 300km/h. Os pneus para carros de baixa potência por exemplo, trazem a letra T (190km/h) enquanto que pneus para carros de altíssima potência podem trazer o código Y (300km/h).

No DOT ainda estão inseridas as indicações do tipo de construção do pneu: radial, tubeless (sem câmara) ou tube type (com câmara de ar). É preciso ainda reparar se os pneus são assimétricos, pois eles possuem lado correto para ser montado no veículo. Isso acontece, pois, o produto foi desenvolvido para entregar o melhor desempenho possível ao veículo, especialmente em piso molhado, melhorando o escoamento da água e garantindo máxima segurança. Caso esta indicação não exista, o pneu pode ser montado de qualquer lado na roda.

Nos pneus assimétricos, o DOT vem sempre impresso na lateral externa (outside) e, nos simétricos ele é inserido apenas em uma das laterais. Como eles podem ser montados independentemente do lado, a recomendação que a lateral com DOT fique exposta para a face externa, tornando assim essas informações sempre visíveis.

Outra informação importante é saber qual a data de fabricação do pneu, que é grafada pela semana e ano. Se o pneu foi fabricado na 40ª semana de 2020 será grafado como 4020. E sim, o equipamento, como um alimento ou remédio, pode vencer. Isso ocorre por vários fatores, como a deterioração da borracha, que pode ressecar. Por isso, normalmente um pneu mesmo com pouco uso deve ser trocado a cada cinco anos.

Vai trocar? Confira a etiqueta
Coordenado e regulamentado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), começou a ser implementado há mais de 20 anos em refrigeradores e condicionadores de ar e posteriormente foi aplicado aos automóveis. Dessa forma, o consumidor pode consultar quanto o produto que está interessado consome, seja ele movido a gasolina, gás ou eletricidade.

Desde 2016, o programa também avalia pneus, atestando a sua eficiência em três critérios: eficiência energética, aderência em piso molhado e emissão de ruídos. Em relação ao primeiro destes itens, o de eficiência energética, é avaliada a resistência exercida pela força oposta à rotação do pneu. Quanto menor essa resistência, menos energia o veículo demanda para se movimentar e, consequentemente, menor será o seu consumo de combustível. O resultado da avaliação será expresso em notas de A (melhor desempenho no quesito) a G. 

Desde 2016, o Inmetro classifica avalia o pneu em três critérios (Imagem: reprodução)

É importante lembrar que a economia de combustível gerada por uma menor resistência ao rolamento tem como resultado uma menor emissão de poluentes na atmosfera, causando assim um impacto positivo na preservação do meio ambiente e no bolso do motorista. Na etiqueta, a resistência ao rolamento é expressa pelo coeficiente de resistência ao rolamento (CRR) verificada no teste em quilogramas por tonelada.

Cada um dos componentes que integram um pneu tem uma porcentagem de contribuição no índice de resistência ao rolamento que, em sua maior parte (50-60%), é gerada na região da banda de rodagem. 

Vale ressaltar ainda que melhorar a resistência ao rolamento gera um conflito entre o desempenho na frenagem no molhado e a quilometragem do pneu, um detalhe que é sempre observado pela equipe de desenvolvimento da marca sem jamais comprometer a segurança.

O consumo de combustível, que representa atualmente o maior custo na utilização de um veículo, está diretamente relacionado com a resistência ao rolamento dos pneus quando em contato com o solo. 

A busca pela redução do consumo de combustível e por menores emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera tem sido um dos grandes desafios enfrentados não apenas pelos fabricantes de pneus, mas também pelas fabricantes de veículos.