Chamadas do Samu aumentaram 50% desde o início da pandemia em Salvador

De fevereiro até a última quarta-feira (8 de abril), o número de ligações para o Serviço Móvel de Urgência (Samu) aumentou 50% em Salvador. O grande responsável por esse salto foi o coronavírus, que começou a atingir a capital baiana no mesmo período e, até esta quinta (9), já somava mais de 300 casos confirmados com 11 mortes na cidade.

Segundo Ivan Paiva, coordenador do serviço na capital baiana, boa parte das ligações tem sido de pessoas reclamando de dificuldade para respirar, febre e dor de cabeça – algun dos sintomas da covid-19. Mas, ele alerta que boa parte destas chamadas são desnecessárias e que as pessoas devem solicitar o serviço apenas em casos de emergência.

“Nós somos um serviço de urgência e não de atendimento domiciliar. Fora que nossos atendentes são médicos preparados para dar instruções médicas e, quando há esse grande número de ligações, eles ficam exaustos e com dificuldades para atender às outras demandas, pois as outras ocorrências não tiraram férias. Ainda existem pessoas se acidentando, tendo AVCs e paradas cardíacas, por exemplo, e elas também precisam de atendimento”, explica.

Além disso, o coordenador lembra que os sintomas da covid-19 são os mesmos de gripes e resfriados, cujo tratamento é mais simples. Para isso, ele recomenda a vacinação para a H1N1, por exemplo, para que, caso alguém tenha esses sintomas, seja mais fácil identificar a doença, facilitando o atendimento.

Apesar disso, Ivan projeta que, quando a pandemia atingir seu pico em Salvador, boa parte das unidades e médicos do Samu irão focar exclusivamente nestes pacientes.

“O pior ainda está por vir, a crise ainda nem começou. Eu costumo dizer que essa pandemia é igual a quando estamos na praia e enxergamos uma nuvem se aproximando com raios e trovões. Nós não ficamos lá torcendo que o vento leve ela para outro lugar, vamos imediatamente para casa nos proteger. A postura tem que ser a mesma agora, temos que nos proteger para não nos molharmos”, alerta.

Precauções
A chegada da pandemia também mudou a forma com que os médicos e enfermeiros do Samu atendem os pacientes. Ivan Paiva contou que, atualmente, existem três níveis de precaução, que dependem do tipo de ocorrência.

“O primeiro nível são aqueles atendimentos que já existiam antes, como acidentes de moto. Nesses casos, o uso de luvas e máscaras já são o suficiente para proteger os profissionais. Em casos suspeitos de coronavírus, usamos aventais e botas de borracha para evitar que o vírus pegue nos macacões dos atendentes. Daí quando eles chegam à central, são imediatamente lavados. E em casos confirmados, os médicos e enfermeiros usam aquela roupa branca, que parece de astronauta e cobre o corpo inteiro”, detalha. 

*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro