Parto por hipnose: saiba tudo sobre técnica gratuita usada em hospital de Salvador
Surgiu um novo momento do nascer: as mulheres estão procurando formas alternativas de parto para viver o momento com mais tranquilidade. Uma dessas alternativas é o parto por hipnose – mais tranquilo e menos doloroso. Essa é a proposta do hipnoparto ou parto por hipnose. Essa é a proposta da técnica que está sendo utilizada com gestantes do Hospital Geral Roberto Santos, no Cabula, de forma gratuita através do Sistema Único de Saúde. A prática já obteve respostas positivas, tanto no processo de gravidez, tanto no momento do parto e após ele. Foi o que explicou Cíntia Carvalho, enfermeira especialista em enfermagem obstétrica e na Arte de descomplicar o parto. Ela é atualmente coordenadora do Centro Obstétrico no Hospital Geral Roberto Santos e foi a convidada da live Saúde & Bem-Estar no Instagram do CORREIO apresentada pelo jornalista Jorge Gauthier nesta terça feira (22).
Cíntia é hipnoterapeuta com ênfase na gravidez e parto e explica: “temos na nossa mente 3 divisões: o inconsciente, o consciente e o subconsciente, onde preservamos todas as informações que recebemos desde o ventre da nossa mãe. Quando fazemos ações “de modo automático”, estamos em hipnose. Um exemplo é pegar o mesmo caminho diário de trabalho e fazer isso com mais facilidade. O parto por hipnose segue essa linha, é relacionado ao subconsciente”.
O hipnoparto é uma técnica realizada não só durante o parto, mas ao decorrer da gravidez. Cíntia explica que “durante a gravidez, a mulher vai receber gatilhos/estímulos que vão desconectá-la de barulhos externos do hospital e vai relaxá-la (como áudios de relaxamento e textos, por exemplo). A hipnose faz com que ela libere mais ocitocina, hormônio do parto. Isso deixa o processo mais confortável, alivia a tensão. Tensão essa que contrai a musculatura e o útero, aumentando a dor e o desconforto. No momento do parto, os áudios que já foram ouvidos em casa vão remeter a um lugar conhecido e tranquilo. A mulher precisa ter consciência desde a gravidez.”.
A enfermeira afirma que já obteve “inúmeras respostas maravilhosas” e indica esse tipo de parto para praticamente todas as mulheres, tanto as que farão parto normal, quanto cesária. “Todos nós temos a capacidade mental de acreditar naquilo que a gente deseja. [O parto por hipnose] tem benefícios maravilhosos: pós cirúrgico menos doloroso, melhor amamentação…”. A única contraindicação é para mulheres que sofrem de epilepsia. “Por estar em profundo relaxamento, a informação de que a crise epiléptica está vindo pode não ser captada”, explica.
Cíntia afirma que o relaxamento trazido pela hipnose não impede a mulher de presenciar o momento do parto. “A mulher está ‘hiper presente’, participando de todo o movimento. Não existe a possibilidade de dormir”, destaca ela indicando que a técnica é usada tanto para partos naturais quanto cesários.
Por enquanto, Cíntia ainda é a única enfermeira do Hospital Roberto Santos que trabalha com hipnose para gestantes. Segundo ela, em 30 partos, em média 10 são feitos utilizando essa técnica. “Sonho em capacitar as outras enfermeiras para esse número ser maior”.
Ela afirma que no hospital, a hipnose faz parte do pacote do SUS. Por ser a única profissional treinada para realizar o serviço não é possível fazer uma marcação do procedimento. Ela explica que sempre que está no plantão do hospital e é acionada pela equipe de enfermagem realiza a técnica. “Eu largo tudo que estou fazendo se alguma gestante estiver em situação que precise de hipnose. Qualquer mulher no hospital tem a liberdade para me chamar e realizei as técnicas de relaxamento e apoio necessário para ela durante o parto. Darei o que estiver ao meu alcance para tornar o processo mais tranquilo”, destaca ela lembrando que a maternidade do hospital funciona por demanda espontânea de chegada de gestantes.
Cíntia defende que o parto tem que ser o mais fisiológico possível. “Quanto menos intervenções, mais saudável e mais tranquilo o parto vai ser”. E revela que a violência obstétrica ainda ronda a realidade das mulheres que vão parir. “Isso é caracterizado também em como a mulher é acolhida, orientada, tocada, ouvida… Por isso as mulheres precisam conhecer a hipnose antes do parto. Elas geralmente não precisam usar ocitocina, por exemplo”.
Está gestante? Tira-dúvidas por conta da covid-19:
– A OMS determinou gestantes como grupo de risco pela vulnerabilidade, pois mulher grávida está mais suscetível de contrair doenças;
– Os estudos ainda não têm algo concreto em relação à contaminação de mulheres grávidas”;
– É recomendado ficar longe de aglomerações e não ir para o hospital por qualquer motivo”;
– Consultas e exames pré natal precisam ser feitos;
– É garantido o direito de levar um acompanhante no momento do trabalho de parto ou cirurgia cesárea.
Reveja a live:
*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier