‘Novela’ do TikTok nos EUA continua: entenda os capítulos mais recentes e o que deve vir por aí
Colocado sob suspeita por Trump, app de vídeos ainda pode ser bloqueado naquele país. Mas presidente sinalizou que aceitará participação de empresas americanas no serviço, o que resolveria questão. Envolvidos, porém, divergem sobre controle do aplicativo. TikTok continua funcionando nos EUA e há discussões para venda de parte do app.
Dado Ruvic/Illustration/Reuters
A “novela” sobre a permanência do TikTok nos Estados Unidos ganhou novos e importantes capítulos nos últimos dias. O app de vídeos conseguiu “respirar” com um novo prazo para vender suas operações nos EUA, após um aceno positivo de Donald Trump para um acordo que envolve as americanas Oracle e Walmart.
Porém, a trama é mais complexa do que parece: a chinesa ByteDance, desenvolvedora do aplicativo, disse na última segunda (21) que o TikTok Global, uma nova empresa que será formada após o acordo, se tornará sua subsidiária.
No entanto, Oracle e Walmart afirmaram no final de semana que eles e investidores americanos teriam participação majoritária dessa companhia.
Trump disse em entrevista na segunda-feira que não aprovaria a venda do TikTok para a Oracle e o Walmart se a ByteDance continuar como controladora do aplicativo.
A negociação ainda depende da aprovação do Departamento do Comércio dos EUA, que deu uma semana extra para que as restrições de downloads do TikTok no país entrassem em vigor – o prazo deve se encerrar no próximo domingo (27).
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Proposta de parceria entre TikTok e Oracle
O “namoro” entre Oracle e TikTok começou em agosto, quando Donald Trump emitiu uma ordem executiva que proibia transações com a ByteDance.
Ele ameaçou banir o TikTok do país caso ele não fosse vendido para uma empresa americana até meados de setembro – tudo isso sob a justificativa de que a rede social poderia compartilhar dados de 100 milhões de usuários americanos com o governo chinês.
A aproximação foi discreta, e aconteceu enquanto a gigante Microsoft anunciou que estava conversando para a aquisição das operações do TikTok nos EUA e outros países.
As intenções da Microsoft eram mais ousadas, com um controle maior sobre o aplicativo, e a ByteDance rejeitou a investida.
Pouco depois, TikTok e Oracle anunciaram uma “parceria tecnológica”, na qual a companhia americana disse que será uma “provedora confiável de tecnologia”. Até então, o interesse da Oracle não era oficial.
A empresa norte-americana pretende assumir o gerenciamento dos dados de usuários do aplicativo nos EUA e teria acesso aos códigos da ByteDance para realizar auditorias.
O “casamento”, nesses moldes, resolveria as preocupações de Trump sobre a segurança do aplicativo.
Neste acordo, será criada uma nova empresa, chamada TikTok Global, com sede nos EUA
A Oracle não é muito popular entre os consumidores, mas foi fundada em 1970 e é referência em soluções corporativas.
Atualmente, a empresa oferece soluções de gerenciamento de bancos de dados e servidores para empresas, escolas e governos – incluindo o dos EUA – além de atuar na infraestrutura de servidores na nuvem e na área de inteligência artificial.
O que o Walmart tem a ver com isso?
Trump também citou o varejista Walmart quando disse que daria sua “bênção” a um acordo entre Oracle e TikTok.
O interesse da rede de lojas já não era segredo: em agosto, a companhia disse que fazia parte das negociações entre Microsoft e TikTok. Mesmo com a saída da gigante tecnológica, o Walmart continuou nas negociações.
O Walmart não tem experiência no gerenciamento de plataformas de redes sociais, mas vê no TikTok uma maneira de ampliar a sua presença digital, de olho principalmente nos 100 milhões de usuários ativos que o TikTok tem nos EUA e nos cerca de 800 milhões ao redor do mundo.
As conversas devem avançar nesta semana, mas uma data para que o negócio seja finalizado é incerta.
A versão chinesa do TikTok, chamada de Douyin, já incorpora algumas funcionalidades de compra em meio à exibição dos vídeos curtos.
Há um botão que redireciona os usuários para lojas virtuais, muitas vezes dos próprios criadores de conteúdo.
“A maneira como o TikTok integrou as capacidades de e-commerce e publicidade em outros mercados é um benefício claro para criadores e usuários nestes locais”, disse um porta-voz do Walmart à rede de televisão CNBC em agosto.
Divergências sobre o negócio
Existem divergências sobre o modelo do negócio, mas todas as empresas concordam em um ponto: será criada uma nova empresa, chamada TikTok Global, com sede nos EUA.
A confusão é sobre quem terá a participação majoritária: a parte americana ou a parte chinesa? Cada um diz uma coisa diferente.
A ByteDance disse nesta segunda que terá 80% do TikTok Global. A Oracle ficaria com 12,5%, enquanto o Walmart teria uma fatia de 7,5%.
A porcentagem fecha, mas as Oracle e Walmart disseram no sábado que a participação majoritária do TikTok estaria em mãos norte-americanas. Isso seria possível porque 41% da ByteDance já são de propriedade de investidores norte-americanos.
Ou seja, ao contar essa propriedade indireta, o TikTok Global seria majoritariamente detido por partes dos EUA.
A ByteDance em seu comunicado nesta segunda-feira disse que era um “boato” que investidores norte-americanos seriam proprietários majoritários do TikTok Global.
E será preciso combinar com os chineses. A ByteDance já avisou que a China também precisa validar o acordo.
Recentemente, a China atualizou suas regras de controle de exportação para opinar sobre a transferência de tecnologia.
Quando a ‘novela’ acaba?
As conversas devem avançar nesta semana, mas uma data para que o negócio seja finalizado é incerto.
Na última sexta (18), o Departamento de Comércio dos EUA afirmou que os downloads e atualizações do TikTok seriam restritos no país a partir de domingo.
Isso não aconteceu e o prazo foi ampliado em uma semana. Ainda assim, a restrição que impediria o TikTok de funcionar no país só passaria a valer em em 12 de novembro, caso a negociação não seja aprovada.
Entre o anúncio das restrições e domingo, o TikTok anunciou um processo para tentar reverter o banimento nos EUA. A decisão ainda não saiu, ao contrário do que aconteceu com o WeChat, outro app chinês que seria proibido do domingo.
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O WeChat é uma espécie de “WhatsApp chinês”, mas incorpora outras funcionalidades. Nos EUA, ele é usado por cerca de 19 milhões de pessoas para trocar mensagens, fazer compras, pagamentos e outros serviços.
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