Um exemplo de vida vocacionada ao serviço público
Quando vocacionado, o servidor público sabe que seu dever é utilizar as ferramentas do governo em benefício da população, atendendo suas necessidades essenciais, como saúde, segurança e educação. Vários são os exemplos desses servidores que só fazem engrandecer o trabalho de assegurar a qualidade do atendimento em hospitais, escolas, repartições e, particularmente, em órgãos emergenciais como é o caso da Defesa Civil de Salvador (Codesal).
Um desses indivíduos é o coordenador de Ações de Contingência, Francisco Costa Júnior, que este mês completa 70 anos, dos quais 46 dedicados à Prefeitura de Salvador, sendo 42 à Codesal.
Engenheiro agrimensor com especialização em Engenharia e Segurança do Trabalho, Chico, como é carinhosamente tratado pelos colegas, iniciou sua trajetória profissional na antiga Superintendência de Urbanização da Capital (Surcap).
Pioneiro, ele integrou o grupo designado, em 1979, para instituir a Comissão de Defesa Civil, semente inicial do que posteriormente seria a Defesa Civil de Salvador. No órgão, exerceu o cargo de engenheiro de segurança até 1981.
De fala mansa e comportamento afável, que camufla sua firmeza de propósitos e aguerrido espírito empreendedor, Chico nunca se recusou a enfrentar desafios e superar os entraves da burocracia para elaborar e concretizar projetos. Uma dessas missões foi a de estruturar a Coordenação de Salvamento Marítimo, a nossa Salvamar, na qual foi coordenador geral até 1986.
Ele se recorda de que quando foi convidado a estruturar o órgão alegou, em tom de brincadeira, que “não sabia nadar”, mas, como se constata, seu legado naquela coordenação é hoje imprescindível às ações de prevenção e emergência nas praias de Salvador.
O destino o fez retornar ao cotidiano das ações de defesa civil, desta feita na Secretaria do Meio Ambiente e Defesa Civil. Em 1989 é criada a Coordenação de Defesa Civil, a Codesal, e Chico assume pela primeira vez a condução do órgão até 1996. Posteriormente volta a dirigir a Codesal como subsecretário para Assuntos de Defesa Civil, entre 2004 a 2007.
Muito antes de a Defesa Civil ter sido requalificada pela gestão do prefeito ACM Neto, o indômito Chico enfrentou incontáveis noites mal dormidas sob intempéries climáticas, conduzindo em campo ações de resposta a desastres em áreas de risco, testemunhando e se solidarizando com a dor de muitos.
No presente instante, sob o pesado manto da pandemia, Chico não negligencia a sua grande paixão vocacional, a Codesal, a ponto de se mostrar inquieto pelo fato de, para preservar a saúde, ter reduzido a sua jornada. Ouvi dele recentemente: “Tenho muito carinho e dedicação para com a Defesa Civil e me sinto angustiado em não estar mais presente como gostaria em função da pandemia”.
Em minha trajetória na Prefeitura tive, em várias oportunidades, a grata satisfação de conversar e ouvir o que ele muito tem a ensinar de sua experiência acumulada no serviço público. Essa aproximação, contudo, se consolidou quando assumi a direção da Codesal, em setembro de 2017, e pude aquilatar de perto a dedicação de Chico ao órgão que ajudou a criar.
Nesse intervalo, muito aprendi com sua vivência, sempre transmitida com a humildade dos grandes líderes, o que ampliou a minha admiração por suas posturas, a ponto de desenvolvemos uma relação fraternal. Nesta passagem tão significativa, quando alcança vitorioso o 7.0, só me resta desejar, em nome da família Codesal e sob as bênçãos de Deus, a esse querido amigo longa vida e que seu exemplo de ética, eficiência, respeito e cordialidade sirva de modelo a todos que trabalham no serviço público, cuja a missão intransferível é o de servir ao bem comum.
Sosthenes Macêdo é diretor-geral da Defesa Civil de Salvador