Apresentado, Mano fala sobre ambições e explica escolha pelo Bahia
A “Era Mano Menezes” está iniciada no Bahia. Nesta sexta-feira (11), o novo treinador tricolor foi devidamente apresentado aos torcedores e imprensa. Depois de comandar o primeiro treino pelo Esquadrão, Mano concedeu entrevista na Cidade Tricolor.
Sem a presença de câmeras e repórteres, devido aos protocolos determinados pelas autoridades sanitárias por conta da pandemia do novo coronavírus, o treinador respondeu as perguntas enviadas pela imprensa e alguns sócios do clube. Entre os questionamentos, Mano explicou o motivo de ter aceitado o convite para assumir o Bahia.
“Dizer ao torcedor do Bahia que fico muito feliz. O Bahia me escolheu e eu escolhi o Bahia para estar aqui porque entendo que nós treinadores também temos que ter responsabilidade com os clubes que buscam fazer de forma correta o que se deve fazer no futebol brasileiro. O Bahia está na direção do que eu penso que os clubes deveriam entender que é a direção certa para o futebol. Fiquei contente com o convite e entendi que valia a pena nos unir em uma ideia comum para fazer um trabalho e trazer, em uma temporada difícil que é 2020, uma alegria ao torcedor do Bahia”, disse o novo treinador.
Acompanhado do presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, e do diretor de futebol Diego Cerri, Mano Menezes preferiu não falar sobre a avaliação que fez do elenco e possíveis mudanças que podem ocorrer. Segundo ele, o tema já está sendo tratado de forma interna.
O que o gaúcho de 58 anos explicou mesmo foi sobre as ambições e objetivos de longo e médio prazo que deseja alcançar no Esquadrão, começando pelo Campeonato Brasileiro e a Copa Sul-Americana.
“O Bahia, em 2018, fez uma campanha boa na Sul-Americana, quando foi eliminado pelo Athletico-PR. O clube vem desenvolvendo uma tradição dentro da competição. É importante conhecer o torneio, o clube fica conhecido por equipes de fora. Isso ajuda. Além disso, diferente dos pontos corridos, o torneio é o retrato da noite, dos 90 minutos. Estando bem naquele dia, é possível chegar. É difícil, estamos entre grandes clubes da América Latina, mas estamos entre eles e considero que é possível brigar por uma conquista”, analisou ele, antes de continuar:
“Penso que o Campeonato Brasileiro é um pouco diferente, mas o Bahia vem caminhando nos últimos anos para estar entre os primeiros. Brigar por uma vaga na pré-Libertadores, estar nos oito primeiros, a turma seleta de praticamente apenas os campeões nacionais, é o que o Bahia deve perseguir”, afirmou.
Confira outros pontos da entrevista de Mano Menezes:
Impressão ao ver o Bahia de perto
“Eu não costumo abordar publicamente questões internas. Não vou fazer avaliação da equipe que jogou, seria antiético eu estar tendo o primeiro contato hoje, me familiarizando com o clube, e fazer qualquer tipo de avaliação. Existe o momento de ruptura de trabalho e início de outro. Quando isso acontece é porque as coisas não estão andando no ritmo esperado. Naturalmente vão acontecer mudanças dentro da filosofia do técnico. Se houver a necessidade de mudanças mais radicais, durante a avaliação do dia a dia, o torcedor vai saber”.
Reforços
“Vamos trabalhar isso de forma interna, não seria inteligente dizer que teríamos que reforçar esse ou aquele setor e o jogador que está aqui ficar olhando para o novo treinador que chega. Estamos aqui para ganhar jogadores, para que eles, dentro do sistema, recuperem o que já fizeram em outro lugar ou dentro do próprio Bahia. Essa é a missão do treinador”.
Convite do Bahia
“Nós fizemos uma reunião na sexta feira passada, em São Paulo. Antes de qualquer coisa eu perguntei o que o Bahia pensava sobre o que tinha, ambições e objetivos para ver se era possível, dentro de uma análise que eu tinha de fora, disputar e atingir os objetivos. Quando existe essa identidade de objetivos e análise, já existe uma empatia natural para que as coisas possam funcionar bem. O Bahia me transmite a mensagem de que sabe onde pode chegar e está entre os poucos clubes do Brasil que oferecem condições para chegar lá”.
Estrutura da Cidade Tricolor
“Entre o que eu penso que o Bahia pode oferecer de diferencial, está o CT. Hoje, em um calendário muito peculiar, ter a estrutura para oferecer as melhores condições para os atletas, seja recuperação, alimentação, deslocamento, é um diferencial. A gente viu que as condições são as melhores possíveis”.
Gestão do Bahia
“Eu não posso reclamar do tratamento que tenho recebido ao longo da minha carreira, tenho quatro trabalhos de três anos, o que é raríssimo. Eu penso que essas coisas se constroem. O clube quando contrata o treinador quer que ele fique bastante tempo e o treinador também que ficar muito tempo. Isso é sinal de que as coisas estão caminhando bem. Nem sempre é possível. É doído fazer essa ruptura, mas eu trabalho todos os dias pensando em fazer longos trabalhos e que o resultado venha”.
Ajustes na defesa
“Acho que contratou o treinador certo (risos). Ao longo dos anos eu tenho tido trabalhos com defesas menos vazadas nos campeonatos que joguei. Olhando de fora vi um Bahia em transição. Ano passado, quando o Roger Machado iniciou o trabalho, o Bahia era muito reativo, jogava em transição rápida defesa e ataque, e isso expõe menos a sua defesa. Mas o futebol não é igual todo ano. Às vezes você tem jogadores com outras mentalidades, vocações mais propositivas. Eu vejo o Bahia nessa transição. Costumo dizer que o futebol é uma invenção. O treinador tem uma ideia e ela é executava pelos jogadores. As vezes essa ideia não é boa. Temos que ter um equilíbrio e jogar futebol. As vezes a capacidade de propor, as vezes de defender. O futebol brasileiro passou uma mudança muito grande. A chegada de treinadores estrangeiros, a volta de jogadores consagrados, trouxe mudanças ao futebol. Hoje você vê todas as equipes tentando sair de trás com qualidade. Ao mesmo tempo em todas as rodadas você vê gols em falhas na saída da defesa. A ideia é boa, mas as vezes a execução não é”.
Parte ofensiva
“Por questões profissionais procuro assistir os principais jogos do futebol. Mesmo na derrota para o Flamengo (3×5), a equipe criou bastante. Fez três gols e teve outras chances que obrigou o goleiro a fazer grandes defesas. Teve chance contra o Inter (2×2), chance contra o Grêmio (0x2). A equipe tem boa capacidade de criação, mas temos que melhorar o aproveitamento. Vejo no elenco jogadores com boas características de definição de jogo. Vamos chegar ao ideal, trabalhando bastante, mesmo com o ritmo de jogos”.
Retorno de Ramires
“Considero uma nova contratação. Uma ótima nova contratação”.
Utilização da base
“Não tem mais essa questão de idade. Nunca teve muito, mas os jovens de hoje estão muito experientes. Antes havia sobressaltos, o jovem não dormia quando você trazia para um coletivo com um profissional. Hoje ele dá tapa na cabeça do mais experiente. A globalização trouxe algumas coisas boas como essa”.