Prefeitura decide manter feirantes na Rótula da Feirinha em Cajazeiras

Vendedores ambulantes terão que desobstruir as calçadas

Os vendedores ambulantes que trabalham na Rótula da Feirinha, em Cajazeiras X, não terão mais que mudar para o Mercado Municipal do bairro. A decisão da prefeitura atendeu ao pedido dos trabalhadores, e foi anunciada durante a reabertura do mercado, nesta quinta-feira (10).

Quando entregou o mercado pela primeira vez, em 2015, a intenção da prefeitura era que os feirantes mudassem para a nova estrutura. O objetivo era desobstruir as calçadas, as pistas e ordenar o comércio, mas houve resistência por parte dos trabalhadores. Na época, alguns alegaram que o movimento de fregueses era menor no mercado na comparação com a rua.

Mercado Municipal de Cajazeiras reabre com Prefeitura-Bairro e teatro

Mercado Municipal de Cajazeiras foi reaberto (Foto: Secom/ Divulgação)

Por conta do incêndio ocorrido em junho de 2017, a prefeitura precisou fazer uma reforma na estrutura e revolveu construir um novo espaço para os trabalhadores, na praça ao lado da Rótula. O camelódromo, como está sendo chamado, ficará pronto até dezembro de 2020. O prefeito ACM Neto disse que serão 450 metros quadrados disponíveis para os feirantes.

“Inicialmente, tínhamos a ideia de tirar os feirantes da Rótula na Feirinha para que eles fossem alocados para o Mercado Municipal, mas não funcionou. Entendemos que não é o caminho forçar a saída desses trabalhadores, que são pais e mães de família e que estão lutando para levar o ganha-pão para dentro de casa”, afirmou.

Projeção de como vai ficar o novo espaço (Foto: Semop/ Divulgação)

Os produtos vendidos nesse local, como frutas e hortaliças, não poderão ser vendidos no Mercado Municipal. Assim como os produtos do mercado, artigos religiosos, floriculturas, restaurantes etc, não serão encontrados na feira. A proposta é que os dois espaços sejam complementares e não concorrentes.

“Vamos implantar um novo pavimento, fazer toda a cobertura, e o ordenamento do conjunto de feirantes da Rótula, desobstruindo as calçadas. O projeto está sendo autorizado hoje. Com esse projeto, vamos retirar os feirantes que estiverem na lateral e levá-los para a praça. Vamos ordenar, e o local vai se tornar uma espécie de mercado livre voltado para a comercialização de hortifrúti”, disse.

Mais público
Como os feirantes não serão mais transferidos para o Mercado Municipal o número de boxes desse espaço diminuiu de 133 para 69, e o segundo piso foi liberado para a implantação da prefeitura-bairro e de um teatro. O secretário municipal de Ordem Pública (Semop), Marcus Passos, disse que a estratégia é para atrair mais público.

“A Rotatória da Feirinha é muito movimentada e a gente estava pensando em como trazer mais pessoas para o Mercado. O prefeito decidiu, uma decisão que eu considero bastante assertiva, trazer a prefeitura-bairro, que realiza mais de mil atendimentos por dia, e o projeto Boca de Brasa, que atende várias entidades culturais, para cá. Isso tornou o mercado multifuncional, atendendo a população na parte de serviço, cultura, e comércio, e dando a oportunidade das pessoas gerarem renda”, contou.

Objetivo é ordenar os feirantes e desobstruir as vias (Foto: Semop/ Divulgação)

As prefeituras-bairro retomaram as atividades esta semana. O titular da Secretaria Geral de Articulação Comunitária e Prefeituras-Bairro, Luiz Galvão, disse que a transferência para o Mercado Municipal também representa uma economia para os cofres públicos já que a antiga unidade funcionava em um espaço alugado.

“Essa mudança já fazia parte do planejamento da prefeitura para atender a população com mais conforto. São 250 metros quadrados de área útil. É um ambiente mais acessível e com mais conforto. Por conta dos protocolos de segurança estamos com o atendimento limitado a uma pessoa a cada 9 metros quadrados, mas assim que a situação se normalizar a população terá mais conforto para ter acesso aos serviços”, disse.

Ao lado da prefeitura-bairro, também no segundo piso do mercado, fica o Espaço Boca de Brasa. É um teatro com 260 lugares, climatizado e que será usado para apresentações culturais. O presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro, responsável pela administração do espaço, disse que ele será usado para apresentações, oficinas, bate-papos, entre outros.  

“Cajazeiras é um bairro novo, tem três ou quatro décadas, e nós não tínhamos até hoje um espaço cultural em Cajazeiras. A população é quase do tamanho de muitas cidades. Os artistas não tinham onde se apresentar. Aqui temos um movimento de valsa que é conhecido no Brasil inteiro, tem artistas ensaiando em garagem, em ponto de ônibus e no meio da rua”, contou.

Por conta da pandemia as atividades culturais ainda estão suspensas em Salvador, mas os interessados em usar o espaço podem acompanhar a programação e as novidades pelas redes sociais do projeto Boca de Brasa.