Reabertos, Praia do Forte, Morro de SP e Porto Seguro lotam neste feriadão

Morro de São Paulo

No topo dos destinos mais procurados da Bahia, Morro de São Paulo, Porto Seguro e Praia do Forte ficaram lotados neste primeiro fim de semana de reabertura turística. De acordo com as prefeituras, hotéis e pousadas destes locais fecharam a capacidade máxima entre 50% e 70% de ocupação (a depender do local), sem disponibilidade de vagas para essa véspera de feriado da Independência. A Internacional Travessias, que administra o ferry-boat, vem registrando, desde a quarta-feira (2), um fluxo intenso de veículos no terminal de São Joaquim. 

Reaberta aos visitantes há apenas dois dias, a cidade de Cairu — onde ficam as ilhas de Morro de São Paulo, Boipeba, Moreré, Gamboa e Garapuá — tem 80% da sua arrecadação baseada no turismo e voltou à atividade com 182 das 217 hospedagens operando. A estimativa do município é de que 4 mil turistas deverão curtir essas localidades até o fim do feriado e a previsão é a mesma para todos os próximos finais de semana deste ano.

Administrador de quatro pousadas na ilha, Antônio Carlos Berti conta que já havia uma grande procura pelo destino antes de a prefeitura autorizar a reabertura e, assim que foi liberada, em instantes vendeu todas as reservas através das plataformas virtuais. Ao todo, são 107 apartamentos distribuídos pelos quatro estabelecimentos, mas, conforme decreto municipal, só metade dessa capacidade pode ser ocupada. 

Na visão dele, esta retomada turística sem a ocupação máxima dos leitos — e das próprias ilhas — é importante para os trabalhadores locais, já que todos estão em fase experimental.

“Até porque pelo número de protocolos, por tudo que a gente está tendo que fazer para ser seguro, com uso de EPIs, desinfecção de quartos, é bom que se comece com poucas pessoas para a gente ir se adequando. Às vezes, ficamos meio perdidos com a interpretação dos decretos, mas estamos nos adaptando”, diz.

Nativos da ilha ouvidos pelo CORREIO, e que preferiram não se identificar, relatam algumas preocupações com relação a esse fluxo de turistas porque temem o aumento de casos de covid-19 no local, que é de difícil acesso e tem baixa infra-estrutura médica. Segundo os moradores, não tem existido uma fiscalização e algumas pessoas têm entrado sem máscaras.

Fechado há cinco meses, o município de Cairu, com cerca de 18 mil habitantes, registrou 165 casos e três mortes causadas por covid-19 até esta sexta-feira (5), conforme dados da vigilância municipal. Do total de infectados, 151 já são considerados recuperados e 13 casos ainda estão ativos.

Secretária de Turismo do município, Diana Farias diz que a maioria dos turistas têm chegado com postura consciente em relação aos cuidados necessários, mas reconhece que algumas pessoas não têm cumprido a regra do uso de máscaras em todos os locais. 

“Aqui, como em qualquer lugar, existem pessoas que descumprem regras. Só é liberado ficar sem máscara nos quartos dos hotéis. Mesmo na praia é obrigatório o uso e a nossa Guarda Municipal orienta todo o tempo, pede educadamente que quem estiver sem coloque pelo bem da própria saúde. Ainda não temos uma multa para isso porque é uma fase experimental e contamos muito com as pessoas para que elas contribuam”, comenta ela.

A secretária informou que a Guarda Municipal trabalha das 6h às 21h na fiscalização do cumprimento dos decretos. Passados quinze dias após este feriado de Independência do Brasil, a Prefeitura de Cairu fará testagem de 400 trabalhadores dos meios de hospedagem e, a depender dos resultados, decidirá se flexibilizará o nível de ocupação dos hotéis para mais ou para menos, podendo até mesmo fechar novamente o destino.

“A pandemia afetou todos os municípios do mundo, mas tenho certeza que o pior impacto foi na economia das cidades que dependem do turismo”, comenta Diana Farias.

Praia do Forte 
Com 70% da capacidade permitida pela prefeitura de Mata de São João, o setor hoteleiro de Praia do Forte registrou até fila de espera, como afirma a proprietária do Hotel Via dos Corais, Rosa Clara Brandão.

“Operamos com a nossa capacidade máxima permitida de até 70% com registro de fila de espera. Acredito que outros hotéis e pousadas também teriam mais hóspedes, se pudéssemos disponibilizar todos os quartos. Praia do Forte está cheia. O movimento tanto na praia quanto na vila é muito grande. As pessoas já estão no limite do confinamento, querendo sair, interagir. Todos, claro, com suas de das precauções e os empreendimentos usando todos os protocolos”.

O hotel ficou fechado entre 23 de março e 12 de julho. Ainda de acordo com Rosa, a maior parte dos turistas são de Salvador, do interior do estado e de locais próximos como Sergipe, por exemplo. “Durante a semana, a ocupação também tem sido bem razoável. Penso que por conta da flexibilidade que as pessoas estão tendo de trabalhar em casa e estão optando por espairecer um pouco. O destino retomou muito melhor do que a gente esperava”, completa.

O presidente da Associação Comercial e Turística da Praia do Forte (Turisforte), Vítor Hugo Knack, também comemora o movimento do feriadão. “Operamos com ocupação máxima dentro das regras estabelecidas pelos protocolos. Foram tomadas todas as medidas de segurança. Desde as básicas, como o uso de máscaras, distanciamento, higienização até as mais específicas de cada atividade. Contamos com a consciência de todos, assim como dos turistas, quanto ao papel de cada um no controle da pandemia. É isso que vai definir quanto tempo vamos ter que conviver com esse vírus”.

Imbassaí
Imbassaí é mais um destino do Litoral Norte que registrou uma ocupação positiva neste o fim de semana. No Grand Palladium Imbassaí Resort & Spa, a média chegou a 70%. Durante a semana, o número de quartos ocupados fica em torno de 30%, como pontua o diretor-geral do resort, Paulo Fernandes.

“Durante a semana, a maioria dos hóspedes chegam dos estados do centro oeste e sudeste. Já aos finais de semana, o público e majoritariamente dos estados do nordeste. Estamos com uma boa ocupação e pensando em várias novidades e atividades para as crianças e os pais, no próximo feriadão de 12 de Outubro. Também teremos shows diários e noturnos, com uma programação recheada de novas atividades recreativas ao ar livre”.

Porto Seguro
Com sol a pino, Porto Seguro teve um fim de semana movimentado e também atingiu marca de 50% de ocupação máxima nos hotéis. De acordo com o secretário municipal de Turismo, Paulo Magalhães, a procura foi grande e, se o decreto permitisse 70%, teria completado. “Num feriado como esse, estaríamos tranquilamente com muitos ônibus e vôos aqui, 100% de ocupação, mas nessa nova realidade temos uma limitação, que é necessária”, afirmou.

Na expectativa da prefeitura, dada a ansiedade de viajar que têm percebido nas pessoas, essa lotação máxima permitida deve se manter no próximo feriado de 12 de outubro. O secretário espera que, se daqui para lá a contaminação por covid-19 for reduzida na região, a cidade poderá avançar nas suas fases de reabertura econômica e aumentar a capacidade de ocupação de hotéis. 

Ao todo, o município tem mais de 500 hospedarias que somam mais de 45 mil leitos, espalhados na própria Porto Seguro e em suas localidades famosas — como Trancoso, Arraial d’Ajuda e Caraíva.

Em Arraial d’Ajuda, distrito de Porto Seguro, o Alô Alô Bahia flagrou uma intensa movimentação na Rua Mucugê na noite de sábado, com bares lotados e muita gente sem máscaras.

Dono de uma pousada em Caraíva, Agrício Ribeiro decidiu não abrir as portas ainda e não está tão otimista quanto à redução de casos, como sonha a prefeitura. Embora a gestão tenha criado protocolos sanitários e um selo de segurança para os estabelecimentos, ele diz que não há fiscalização necessária na localidade, que fica a cerca de 2h de Porto Seguro e foi a última a ser reaberta. O pequeno local, recém-explorado turisticamente, também não tem infra-estrutura médica e hospitalar suficiente.

“Tem um protocolo, mas é fantasioso. Funciona dentro da pousada, mas não funciona nas ruas. Não tem uma barreira sanitária, não tem fiscal da prefeitura para coibir as pessoas que não querem usar máscaras, não se mede a temperatura. Jogaram para a gente e ficou tipo façam do jeito que bem entenderem. A prefeitura aguentou até muita pressão para essa reabertura de Caraíva, mas reabriu de forma desorganizada”, comentou.

OUTRO DESTINOS REABERTOS NA BAHIA

Além de Morro de São Paulo e Porto Seguro, também já estão reabertos à visitação turística os destinos das cidades de Mata de São João (Praia do Forte, Imbassaí, Diogo e Costa do Sauípe), Itacaré, Santa Cruz Cabrália, Maraú, Prado, Caravelas e Mucugê.

O município de Lençóis, na Chapada Diamantina, estava previsto para reabrir no 1º dia de setembro, mas a prefeitura preferiu adiar e a cidade permanecerá fechada, sem previsão de reabertura. De acordo a gestão, o adiamento se deu principalmente por causa do aumento de casos suspeitos de covid-19 na cidade e também devido à necessidade de aprovação de um projeto de lei que prevê multas para quem descumprir as medidas de restrição relacionadas à pandemia. 

A Secretaria de Turismo da Bahia (Setur) informou que está construindo um protocolo unificado para retomada das atividades turísticas dos 34 municípios que compõem a Chapada Diamantina. A cidade de Mucugê, no entanto, antecipou a reabertura.

Com o transporte intermunicipal suspenso na Rodoviária de Salvador para cidades situadas num raio a mais de 100 Km, a movimentação atual no terminal tem sido, em média, de 950 passageiros por dia, o que dá cerca de 6,6 mil pessoas no último mês. Em setembro do ano passado, 269 mil passageiros passaram pela rodoviária e, se a abertura for mantida para as linhas que operam atualmente, a expectativa é que em torno de 29 mil irão passar por lá, segundo dados da Agência Estadual de Regulação de Transportes da Bahia (Agerba). 

OCUPAÇÃO EM SALVADOR FICA ABAIXO DE 30%

Apesar de vários destinos turísticos do interior do estado — principalmente os concentrados no Extremo Sul e no Litoral Norte — terem apresentado um desempenho positivo no primeiro feriadão pós-retomada da atividade turística, na capital, a ocupação ainda está abaixo das expectativas. Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA), Luciano Lopes, a retomada de Salvador está sendo muito mais lenta, até porque, a cidade ainda tem muitos atrativos fechados como as praias, por exemplo.

“Apesar do feriado, em Salvador, a ocupação ainda está muito baixa, o fluxo de turistas na cidade está muito reduzido, não chegamos nem a 30% de ocupação, diferente de outros destinos que já tem uma movimentação bem maior, como a Praia do Forte”, analisa.

A projeção é que o próximo feriado do dia 12 de Outubro tenha um resultado melhor. “A retomada vem sendo feita paulatinamente. A tendência é que no próximo feriadão, o fluxo na cidade seja mais intenso e, com isso, aos poucos, que a atividade turística seja retomada como um todo”, complementa Lopes.
Turista de São Paulo, a analista financeira, Thaíse Vieira passou o feriadão em Salvador e gostou muito do que viu.

“Decidi vim porque é uma cidade cheia de energia. Estava muito deprimida com essa pandemia. Eu achei a cidade além de acolhedora muito cuidadosa com o cumprimento de todos os protocolos de segurança, desde o hotel onde me hospedei aos restaurantes que passei”.

Quem também aproveitou o fim de semana em Salvador foi a turista de Pernambuco, Keila Tatiane, quem viajou para cá, pela primeira vez. “A população tem que tem que adotar os hábitos necessários de acordo com a pandemia que estamos vivendo. Minha passagem aqui foi bem rápida, mas vi todo cuidado está sendo tomado. Só me decepcionei um pouco com muita coisa que ainda está fechada. Não pude conhecer o Elevador Lacerda. Porém, sem dúvida, pretendo voltar”, garante.