Bahia tem duas mortes por doenças cardíacas registradas a cada hora de 2020

A Bahia registrou, até o mês de agosto, uma média de duas mortes por  por doenças cardíacas a cada hora. Dados obtidos pelo CORREIO junto à  Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), indicam que 11.500 pessoas morreram por doenças cardiovasculares no estado nos primeiros meses de 2020. Em todo ano passado foram 20464 mortes na Bahia por esse mesmo motivo – média de 2,3 mortes por dia. 

Para dar dicas de como podemos evitar esse tipo de situação, o médico Jadelson Andrade, que é superintendente do Hospital da Bahia, membro titular da Academia de Medicina da Bahia e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, foi o convidado do Saúde & Bem-Estar no Instagram do CORREIO, apresentada pelo jornalista Jorge Gauthier nesta terça-feira (1).

De março até junho as mortes por doenças cardiovasculares cresceram 31% no Brasil , segundo dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Jadelson, que tem mais de 30 anos dedicados à cardiologia, explica que as doenças cardiovasculares são as que mais matam, no mundo atualmente. “Houve um fenômeno mundial na pandemia de pessoas morrendo em casa por problemas cardiovasculares. As pessoas, com receio de contrair o coronavírus, deixaram de ir a hospitais, mesmo com sintomas de doenças do coração. Por conta disso, muitas pessoas interromperam o tratamento e deixaram de ser acompanhadas por especialistas”, alertou o médico. 

Na Bahia, segundo a Sesab, até junho deste ano, 21.188 pessoas foram internadas por doenças do coração na Bahia. Este problema foi agravado agora, em função da pandemia do novo coronavírus, mas não é um problema novo: em 2019, foram 60.663 internações e 20.464 mortes por esse tipo de doença e em 2018, 56.959 internações e 19.911 mortes.

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Jadelson Andrade orienta que pessoas que têm doenças do coração mantenham suas medicações e continuem a se consultar com médicos, pois, de acordo com ele, “o risco de morrer por doenças cardiovasculares mal diagnosticadas é 100 vezes maior do que por contrair o coronavírus”. 

Um fator, de acordo com o cardiologista, que pode aumentar o risco de ter essas doenças, é o estresse. É, inclusive, um dos motivos que pode ter contribuído com o aumento de casos na pandemia. “O hormônio do estresse é a liberação de adrenalina, noradrenalina e cortisol, que são essenciais para o organismo, mas quando ultrapassam o nível normal, ocorre o estreitamento das artérias, aumenta a pressão, acelera os batimentos cardíacos e pode sobrecarregar o coração”, explica. 

Os sintomas de infarto e derrame cerebral variam muito, mas geralmente são caracterizados por dor em membros superiores, suor frio, falta de ar e tontura. Qualquer um desses sintomas é sinal de alerta e deve-se procurar imediatamente atendimento médico. Nesses casos, segundo o especialista, “tempo é vida”. 
Gênero, idade, tabagismo e taxas obtidas por exames sanguíneos são os fatores principais que medem riscos. Com acompanhamento médico, o risco de eventos cardiovasculares diminui consideravelmente, segundo o cardiologista. De acordo com ele, é recomendado para todas as pessoas que seja feita uma avaliação cardiológica anual.

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier