Trump aceita nomeação em convenção marcada por ataques
WASHINGTON – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aceitou formalmente na noite desta quinta-feira (27) a nomeação de seu partido para disputar a reeleição ao cargo. O discurso do republicano marcou assim o encerramento da convenção que, como ocorreu nos três dias anteriores, foi repleta de ataques ao adversário Joe Biden e aos democratas.
Introduzido ao palco pela filha, Ivanka, Trump fez uma espécie de balanço de seu primeiro mandato e, de maneira quase obsessiva, não poupou ataques a Biden.
“Ele é o cavalo de troia da esquerda radical. Essas são as eleições mais importantes da história do nosso país. Há duas visões, duas filosofias, vocês precisam decidir entre o sonho norte-americano e a agenda socialista”, disse aos cerca de mil convidados que foram ao discurso na Casa Branca.
Aliás, a realização da fala na sede do governo causou muita polêmica já que é a primeira vez na história que um candidato usa o local para fins de campanha política. Diversos políticos democratas – bem como republicanos moderados – criticaram a medida, já que há o uso do dinheiro dos contribuintes para fazer uma ação eleitoral.
A campanha de Trump usou a residência oficial também na terça-feira (25), para o discurso da primeira-dama, Melania, e ainda uma missão diplomática do secretário de Estado, Mike Pompeo, a Israel. Sobre esse último, a Câmara dos Representantes abriu uma ação legal de investigação.
No discurso, o republicano voltou a fazer uma relação entre Biden e China – constantemente alvo de ataques no Twitter mesmo que não haja nenhuma prova de correlação – e disse que a agenda do rival é “Made in China e a minha é Made in USA”.
“A China será dona do nosso país se Joe Biden se eleger.
Diferentemente dele, eu vou fazê-la completamente responsável pela tragédia que causaram”, disse referindo-se à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2).
Sobre o tema, o presidente voltou a dizer que o país terá uma vacina segura até o fim deste ano e que o fechamento da fronteira aérea com os chineses “poupou a vida de centenas de milhares de norte-americanos”.
Os EUA são o país do mundo com a maior quantidade de casos de Covid-19, com quase seis milhões de infectados, e com a maior quantidade de vítimas, com mais de 180 mil mortos.
Trump ainda retomou o tema que marcou sua campanha em 2016, a construção do muro na fronteira com o México, dizendo que a obra “vai ser logo concluída” e que ela “está andando acima das nossas expectativas mais selvagens”.
Sobre os protestos antirracismo, que voltaram a ganhar força após a abordagem contra Jacob Blake em Kenosha, no Wisconsin, o presidente disse que “fez mais pelos negros em três anos do que Biden em 47 anos” e que quando for reeleito “o melhor está por vir”.
“Há mais violência e perigo nas ruas de várias cidades governadas pelos democratas e esse problema seria facilmente resolvido se quisessem. Sempre devemos ter lei e ordem”, acrescentou ressaltando o slogan que vem usando desde que o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) ganhou força em maio.
Ainda em sua fala, Trump prometeu criar 10 milhões de empregos em 10 meses e cortar impostos para a população já no início de seu segundo mandato, se eleito.
A convenção
Diferentemente dos democratas, que focaram em mostrar um futuro sem “ódio e divisões”, os republicanos usaram uma tática para reforçar sua base eleitoral, evidenciando discursos em defesa da “lei e da ordem” e atacando os democratas.
Com exceção da fala da primeira-dama, que trouxe um cenário de mais compaixão com as vítimas da Covid-19 e que pregou a união dos norte-americanos em um momento de polarização política, os maiores oradores do partido focaram em atacar Biden e os democratas e a pregar que com eles no poder os EUA “não estariam seguros”.
O tema do coronavírus, aliás, que forçou com que a convenção fosse realizada de maneira reduzida presencialmente, com diversos cenários, e majoritariamente online, foi deixado em segundo plano.
Segundo pesquisas norte-americanas, esse discurso para a base, por exemplo, mostrou que nenhum dos dois candidatos teve mudanças significativas nas intenções de voto, deixando o cenário ainda favorável para o democrata – que, em alguns estados, chega a ter 11% de vantagem contra Trump.
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