Confiança do consumidor tem ligeira alta em agosto e recupera nível de março, aponta FGV

Pesquisa mostra, porém, que entre os consumidores de renda baixa houve piora e que a população com maior poder aquisitivo também está menos satisfeita com o momento, preferindo poupar a consumir. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da Fundação Getulio Vargas subiu 1,4 ponto na passagem de julho para agosto, para 80,2 pontos, retornando ao mesmo nível de março, quando a economia começou a ser impactada pela pandemia do novo coronavírus. Houve, entretanto, desaceleração em relação ao mês anterior, quando a alta foi de 7,7%.
“Reflexo do quadro de grande incerteza, o resultado de agosto expõe também uma expressiva heterogeneidade entre as classes de renda. Os consumidores de renda baixa registram queda da confiança e parecem agora projetar maiores dificuldades nos próximos meses, o que pode estar relacionado ao fim dos pagamentos de auxílio emergencial. Os consumidores de maior poder aquisitivo, estão menos satisfeitos com o momento e preferindo poupar a consumir”, afirma Viviane Seda Bittencourt, Coordenadora das Sondagens.
“Entre os dois grupos extremos, a confiança dos consumidores de classes intermediárias segue em agosto na tendência de recuperação. Os movimentos distintos mostram que não apenas o impacto mas a velocidade de reação pode ser diferente entre os agentes econômicos e devem ser analisadas com atenção”, acrescenta.
Em agosto, a satisfação em relação à situação atual manteve-se relativamente estável. Já as expectativas avançaram pelo terceiro mês consecutivo, porém com forte desaceleração nesse mês. O Índice da Situação Atual (ISA) subiu 0,5 ponto, para 71,5 pontos, nível ainda muito baixo em termos históricos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) avançou 2,0 pontos, para 87,1 pontos, o melhor resultado desde fevereiro (93,2 pontos), último mês antes da chegada da crise de saúde ao país.
O indicador que mede a satisfação presente dos consumidores com a economia avançou 1,2 ponto, para 75,1 pontos, enquanto o indicador que mede a satisfação com a situação financeira familiar cedeu 0,3 ponto, para 68,4 pontos. Ambos os quesitos seguem registrando valores próximos aos respectivos mínimos históricos.
Sobre as perspectivas futuras, houve um aumento no otimismo dos consumidores, mas em menor magnitude na comparação com os meses anteriores. O índice que mede as expectativas dos consumidores com relação à economia ficou relativamente estável ao variar 0,2 ponto, para 111,7 pontos, maior nível desde fevereiro (116,9 pontos).
A análise por faixas de renda mostra grande heterogeneidade. Houve queda de confiança nas faixas de renda extremas e alta nas faixas intermediárias. Para os consumidores de menor poder aquisitivo, a piora está relacionada à falta de perspectivas sobre emprego e melhora da situação financeira familiar, o que afeta diretamente o consumo. Nos consumidores de maior poder aquisitivo, há também redução da intenção de compras de bens duráveis, o que parece estar relacionado com o alto nível de incerteza do período.
A sondagem coletou informações de 1.752 domicílios entre os dias 1º e 19 de agosto.
Equipe econômica deve se reunir para discutir valor do auxílio emergencial