Restaurantes inovam para que clientes se adaptem nas calçadas

Áreas externas arejadas e nova disposição do salão são as apostas para dar mais segurança aos clientes e seduzir interessados por um jeito diferente de organização dos restaurantes de Salvador. Uma das novidades é a instalação dos parklets, áreas com mesas colocadas nas calçadas, onde o cliente encontra novos espaços de lazer e convivência. Mais de 80 restaurantes espalhados por toda cidade têm apostado na utilização da calçada e já procuraram a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo para obter a autorização de uso do passeio.
A secretaria já recebeu 86 solicitações e autorizou 37 destas a fazer uso da calçada com a instalação de mesas e cadeiras para os clientes que optarem por um espaço aberto. Segundo Leandro Freitas, 36, gerente do La Pasta Gialla, restaurante de influência italiana localizado na Pituba, as perguntas sobre o parklet, que já está em processo avançado de instalação e deve ser inaugurado neste sábado, são frequentes. “As pessoas estão interessadas na instalação do nosso parklet, aqui na frente do restaurante. Imaginamos que o medo de contaminação em áreas fechadas, que ainda existe, contribui para essa curiosidade”, avalia.
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Leandro crê que os parklets vão atrair visitantes (Nara Gentil/CORREIO) |
A sensação de segurança do cliente o que defende Geraldo de Jesus, gerente do Boteco do Caranguejo, na Barra: “A gente está reaprendendo a trabalhar e conquistar a freguesia. O ponto principal é a segurança, que estamos enfatizando com as adaptações estruturais como o maior espaçamento entre mesas e as ações orientadas pelo protocolo. É claro que a oportunidade de poder comer na calçada também encanta”.
Comodidade
Os poucos clientes encontrados no boteco aprovaram a opção e divergiram sobre os motivos. Uns entenderam que é atrativo por os deixar ainda mais próximos da visão do mar. Um cliente que almoçava no local e não quis se identificar disse que a vista do boteco é o que mais agrada: “Eu almoço aqui pela facilidade, por ser muito próximo ao trabalho e por ser um lugar bonito, com uma brisa boa. Acho que a novidade é interessante pela beleza. A experiência fica melhor. Quanto à segurança, não vejo diferença. Se fosse só isso, comeria aqui ou lá dentro com tranquilidade”.
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Natália Fialho acha que áreas exteranas vão atrair clientes (Wendel de Novais/CORREIO) |
Outros clientes fazem questão de salientar que a segurança proporcionada pelos espaços é o elemento que mais interessa na ocupação das áreas externas. “Aqui é mais ventilado e acho que fica muito difícil para disseminação dos vírus. As mesas foram readaptadas e o espaço supera o recomendado. A distância é grande e o lugar é aberto. Ou seja, tudo dentro do recomendado. Essa proposta me deixa mais tranquilo pra vir comer normalmente”, diz Daniel Nunes, 19, estudante de engenharia que estagia próximo ao Boteco do Caranguejo e voltou a almoçar por lá desde a reabertura.
Embora a transformação das calçadas em extensões dos restaurantes soteropolitanos seja claramente para proporcionar segurança aos clientes, os frequentadores ainda estão tímidos. Foi o que conferiu a reportagem do CORREIO ao passar por vários restaurantes contemplados com autorização dada pela Sedur para colocar mesas na calçada. Quando não estavam completamente vazios, não recebiam mais que meia dúzia de clientes, número aquém do esperado.
Essa é a expectativa de Natália Fialho, 35, nutricionista e responsável técnica pelo restaurante Caminho de Casa, no Itaigara. “Todo mundo foi muito treinado para que o retorno fosse seguro. Sabendo que as pessoas estão receosas com esse retorno, oferecer uma opção que agrega ainda mais em segurança é o mínimo que a gente precisa fazer se quiser tornar a volta rentável”, defende.
O outro lado
Há quem discorde que a ocupação dos passeios seja uma alternativa capaz de atrair os clientes. Tereza Paim, proprietária do restaurante Casa de Tereza, localizado no Rio Vermelho e contemplado pela autorização de uso da calçada, entende que as mesas em áreas externas não vão ser alvos de muita procura. “A gente ganhou a autorização e estamos colocando as mesas, só em horário noturno, desde quando reabrimos na segunda-feira. Durante o dia, é inviável. Tem muito movimento e muita gente passado. Então, acaba não rolando distaciamento. Acredito que o uso da área externa não é um grande diferencial”, argumenta.
A calçada a frente do restaurante de Tereza não é nada espaçosa. Cumpre os critérios mínimos de espaço exigidos pela Sedur, que determina que os passeios devem ter, no mínimo, um metro e meio de largura, mas não proporciona folga para quem fica por ali. A área curta faz com que o restaurante a utilize só para deixar mesas de coquetéis, que são usadas por quem vai ao local querendo beber e não jantar. Mesas, que segundo a proprietária, estão inutilizadas desde o primeiro dia de disponibilização.
“Os clientes estão preferindo ficar no interior do restaurante. Até agora, ninguém ficou na parte externa. Ninguém aderiu porque, ao meu ver, não há uma grande diferença entre os dois lugares. Nosso restaurante é ventilado e dispõe de uma estrutura que passa a segurança para o público, sem necessariamente usar a parte de fora”, afirma a chef.
Restaurantes liberados
Para quem se sente mais seguro e confiante em frequentar as áreas externas do restaurantes autorizados, 37 estabelecimentos espalhados pela cidade já podem receber clientes em suas calçadas segundo a Sedur. Veja a lista:
Dos 86, 37 processos já foram autorizados:
Liberados:
1- LG GASTRONOMIA, Rua Dom Marcos Teixeira, 25, Barra
2- LA PASTA GIALLA Rua São Paulo, 488, Pituba
3- PURO HEALTHY FOOD Rua das Hortênsias, 522, Pituba
4- BAHIA MALTE Travessa Basílio de Magalhães, 23, Rio Vermelho
5- PR LANCHES Avenida Sete de Setembro, 4347, LOJA 02, Barra
6- BOTECO DO CARANGUEJO Avenida Oceânica, 235, Barra
7- ESPETTO CARIOCA, Rua da Fonte do Boi, 32, Rio Vermelho
8- ACQUA & FARINA, Rua São Paulo, 498, Pituba
9- ADEGA TERROIR, Rua da Fonte do Boi, 61, Rio Vermelho
10- CASA DE TEREZA, Rua Odilon Santos, 45, Rio Vermelho
11- PASTA EM CASA, Rua Professora Almerinda Dultra, 67, Rio Vermelho
12- Oslo Gastrobar, Rua Maceió, 86, Barra
13- PI.ZZA, Rua da Paciência, 295, Rio Vermelho
14- BAR E PIZZARIA DESKOLADO, Rua Belo Horizonte, 164, Barra
15- SOHO RESTAURANTE, Rua Rubens Guelli, 135, SHOPPING PASSEO
16- PAULISTANA PIZZA, Rua Florianópolis, 31, Barra
17- LA TAPERIA, Rua da Paciência, 251, Rio Vermelho
18- RESTAURANTE PEDRA FURADA, Rua Rio Negro, 35, Monte Serrat
19- DILUCCA RISTORANTE E PIZZERIA, Travessa Bartholomeu de Gusmão, 124, Rio Vermelho
20- ALIMENTOS DA VILA, Rua das Hortênsias, 448, Pituba
21- RESTAURANTE PEREIRA, Avenida Sete de Setembro, 3959, Barra
22- SOLAR, Rua da Fonte do Boi, 24, Rio Vermelho
23- DI LUCCA, Rua Minas Gerais, 339, Pituba
24- COMPANHIA DA PIZZA, Praça Brigadeiro Faria Rocha, 266, Rio Vermelho
25- CASA DA FELICIDADE DELICATESSEN, Rua Almirante Barroso, 251, Rio Vermelho
26- PRETO, Rua Guillard Muniz, 711, Pituba
27- RISTORANTE DI LUCCA, R. Belo Horizonte, 138 – Barra
28- CAMINHO DE CASA, R. Anísio Teixeira, 161 – Itaigara
29 – PASTELBURGER, Av. Caminho de Areia, 37 – Caminho de Areia
30 – TROPICALIA GELATO & CAFFE, Rua da Misericórdia, 7, Centro
31 – MANGA MAR, Rua Professora Almerinda Dultra, 40, Rio Vermelho
32- SAL MARINHO, Rua Território do Rio Branco, 219, Pituba
33- FREDERICO BAR, Rua Augusto Frederico Schmith, 302, Barra
34- ALDEIAACAI, Avenida Oceânica, 551, Barra
35- CAVE QUEIJOS BRASILEIROS, Rua das Dálias, 37, Pituba
36- BOTECO DO SURF, Avenida Sete de Setembro, 4261, Barra
37- LEILI PASTEIS, Rua da Fonte do Boi, 61, Rio Vermelho
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro