Por adequação à nova realidade de ensino, Unicamp prevê priorizar conteúdos ‘mais básicos’ na 1ª fase do vestibular


Mudança visa reduzir impactos das dificuldades causadas pelo ensino remoto durante a pandemia da Covid-19. Medida não quer dizer que a prova será mais fácil, diz diretor. Estudantes durante a 2ª fase do vestibular 2020 da Unicamp
Antoninho Perri/SEC Unicamp
Em adequação à nova realidade do ensino do Brasil provocada pela pandemia do novo coronavírus, a Unicamp decidiu que vai priorizar a aplicação de conceitos “mais básicos” na primeira fase do vestibular, para não prejudicar alunos que tiveram dificuldades nos estudos de maneira remota. A comissão organizadora do processo seletivo da instituição de Campinas (SP) já havia informado a redução de questões de 90 para 72 e a diminuição na quantidade de obras literárias obrigatórias na tentativa de evitar vantagens entre os candidatos.
Em entrevista ao G1, o diretor da Comissão Permanente Para Os Vestibulares (Comvest), José Alves de Freitas Neto, afirmou que a decisão de aplicar conteúdos mais básicos não quer dizer que o nível de dificuldade da prova será reduzido, mas sim que a banca que elabora o exame vai dar mais importância aos chamados “conteúdos estruturantes”, que são essenciais para o aprendizado de qualquer disciplina e acabam usados como base para os professores durante as aulas.
“O que vamos fazer é que vamos priorizar os conteúdos clássicos, os que são estruturantes. Ou seja, aqueles conteúdos que sem eles as matérias nem tem como serem lecionadas. Não tem como ensinar biologia sem falar de origem da vida e evolução. O programa de aprendizado e a lógica da prova não vai mudar tanto, ela só não vai abordar questões pautadas em aspectos muito técnicos, não será nada muito esmiuçante”, afirmou Freitas Neto.
De acordo com o diretor, a medida visa reduzir o impacto das mudanças na educação pública e privada causadas pela Covid-19, já que muitos alunos relataram dificuldades em acompanhar as aulas online por não terem equipamentos e internet suficientes para permitir o acesso às atividades. As aulas presenciais dos ensinos infantil, fundamental, médio e superior em todo o Estado de São Paulo foram interrompidas em março e só têm previsão de retorno para o dia 7 de outubro.
No entanto, apesar da alteração no conteúdo, Freitas Neto afirmou que a 1ª fase do Vestibular 2021 da Unicamp manterá todas as suas características, como por exemplo ser uma prova que preza exige um bom nível de leitura e interpretação dos candidatos, além de ser sempre ligada à questões da ciência e da atualidade.
O diretor da Comvest, José Alves de Freitas Neto
Antoninho Perri/SEC Unicamp
“A prova da Unicamp sempre foi muito atual e envolvida com a ciência, então acho difícil que não tenha algo relacionado à pandemia. Mas é importante ressaltar que toda a essência dela será mantida, mesmo com alterações no conteúdo e a redução das questões. O aluno vai precisar ter uma boa base de estudo para ir bem”, explicou o diretor da Comvest.
No Vestibular 2021, a Unicamp terá um total de 3.234 vagas divididas em 69 cursos de graduação. A oferta aumentou depois que a instituição decidiu cancelar o ingresso via Enem, por conta do calendário “incompatível” com o Ministério da Educação, e incluiu as oportunidades oferecidas pelo exame no processo seletivo tradicional da universidade.
A prova
No início de julho, a Unicamp definiu novas datas para a realização do Vestibular de 2021 por causa das mudanças provocadas pelo coronavírus.
A 1ª fase, inicialmente marcada para novembro, será realizada nos dias 6 e 7 de janeiro, enquanto que a 2ª está marcada para os dias 7 e 8 de fevereiro. Além disso, a universidade divulgou que o período de inscrições será de 30 de julho a 8 de setembro, por meio da página oficial.
Ao contrário de anos anteriores, a 1ª fase do vestibular será realizada em dois dias para evitar aglomeração de candidatos. A divisão depende do curso escolhido pelo estudante:
06/01: cursos do segmento de ciências humanas/artes e de exatas/tecnológicas
07/01: cursos das áreas de ciências biológicas/saúde
Por conta da redução no número de questões e nas obras literárias, o tempo máximo de prova passa de cinco para quatro horas.
Para cada dia de aplicação haverá uma prova única para todos os candidatos das áreas daquela data. O exame é formado por 72 perguntas objetivas, distribuídas da seguinte forma:
12 questões de língua portuguesa e literatura;
12 de matemática;
8 de cada disciplina: biologia, física, geografia/sociologia, história/filosofia, inglês e química.
De acordo com a Comvest, nesta etapa também haverá mudança na logística: o total de municípios paulistas com aplicação da prova subiu de 31 para 33, com a inclusão de Barueri (SP) e Fernandópolis (SP), pelo objetivo de “evitar longos deslocamentos dos estudantes”.
Além disso, a universidade estadual manteve as aplicações dos exames nas cinco capitais fora de São Paulo: Salvador (BA), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e Fortaleza (CE).
2ª fase
A segunda fase do vestibular terá formato inalterado e, com isso, ela segue com o seguinte padrão:
Primeiro dia: oito questões de português, duas interdisciplinares de inglês e uma redação (composta por duas propostas de textos para que o candidato execute apenas uma).
Segundo dia: seis questões de matemática; duas questões interdisciplinares de ciências humanas; duas questões interdisciplinares de ciências da natureza; e parte específica por área.
Lista para o Vestibular Unicamp 2021
Sonetos escolhidos, de Camões;
Sobrevivendo no Inferno, do grupo Racionais Mc’s;
O Espelho, de Machado de Assis;
O Marinheiro, de Fernando Pessoa;
A Falência, de Júlia Lopes de Almeida;
O Ateneu, de Raul Pompeia;
Sermões, de Antonio Vieira.
Vista aérea do campus da Unicamp, em Campinas (SP)
Reprodução/EPTV
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