Rombo nas contas externas cai pela metade no 1º semestre de 2020

Balança comercial tem mantido resultados positivos mesmo na pandemia. Por outro lado, gastos no exterior tem caído com o fechamento de fronteiras e desaquecimento econômico. As contas externas registraram déficit de US$ 9,734 bilhões no primeiro semestre de 2020, o que representa uma queda de 53,6% frente ao mesmo período do ano passado (-US$ 20,998 bilhões). Os números foram divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira (28).
O resultado de transações correntes, um dos principais sobre o setor externo do país, é formado pela balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
A melhora no resultado das contas externas no primeiro semestre é fruto do saldo positivo da balança comercial brasileira, que têm sustentado bons números em meio à pandemia do novo coronavírus por conta do bom desempenho das venda externas de produtos agropecuários.
Além disso, houve um déficit menor nas contas de serviços e renda por conta do desaquecimento da economia mundial e do fechamento de fronteiras – este último fator contribuiu para o menor gasto de brasileiros no exterior em 13 anos nos seis primeiros meses deste ano.
Segundo o BC, só o mês de junho foi responsável por um superávit de US$ 2,235 bilhões nas contas externas. Foi o terceiro mês seguido de saldo positivo e o melhor resultado para meses de junho desde o início da série histórica da instituição, em 1995. Ou seja, foi o maior superávit para meses de junho em 26 anos.
Em todo ano passado, o déficit das contas externas do Brasil subiu 22%, para US$ 50,762 bilhões.
Para todo ano de 2020, a expectativa do Banco Central é de um déficit menor das contas externas, de US$ 13,9 bilhões, por conta da pandemia do novo coronavírus. Se confirmado, será o melhor resultado em 13 anos.
Investimento estrangeiro
O Banco Central também informou que os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira somaram US$ 25,349 bilhões no primeiro semestre deste ano.
Com isso, houve queda de 21,35% frente ao mesmo período de 2019, quando somaram (US$ 32,233 bilhões).
Mesmo assim, os investimentos estrangeiros foram suficientes para cobrir o rombo das contas externas no acumulado deste ano (US$ 9,734 bilhões).
Quando o déficit não é “coberto” pelos investimentos estrangeiros, o país tem de se apoiar em outros fluxos, como ingresso de recursos para aplicações financeiras, ou empréstimos buscados no exterior, para fechar as contas.
Somente em junho, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira somaram US$ 4,754 bilhões, com melhora frente ao mesmo mês de 2019 – quando totalizaram US$ 574 milhões.
Em todo ano passado, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira somaram US$ 78,559 bilhões, com pequena alta frente ao ano anterior.
Para 2020, o Banco Central estima um ingresso de US$ 55 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira.