Intolerância religiosa: busto de Mãe Gilda é alvo de vandalismo pela 2ª vez

Mãe Jaciara, filha de Mãe Gilda, esteve no local logo após ataque (Foto: Reprodução)

O busto em homenagem à Mãe Gilda, no Parque do Abaeté, em Itapuã, foi alvo de vandalismo na manhã de ontem. O autor, que afirmou realizar a ação “a mando de Deus”, foi preso e conduzido para a delegacia pela Polícia Militar.

Um vídeo que denuncia o crime foi postado pela internauta Sandra Ribeiro, no Facebook.

Nele, Mãe Jaciara, filha de Mãe Gilda e atual Ialorixá do Ilê Axé Abassá de Ogum, em Salvador, comenta o crime: “Recebi uma ligação dizendo que um homem veio aqui, apedrejou e quebrou tudo. É a segunda vez que o busto de Mãe Gilda é violado. Então, nesse momento, a polícia foi acionada, ele está algemado”, afirmou.

O monumento já foi alvo de vandalismo em maio de 2016, quando teve que passar por uma reforma que durou seis meses.

Mãe Jaciara também declarou que acionou os seus advogados e pediu justiça.

“Disse que foi à mando de Deus. Que Deus é esse? Estou aqui convocando o povo do Candomblé porque a gente precisa ter esse exemplo. São 21 anos da morte de Mãe Gilda e, ainda sim, esse ódio religioso não acaba”, disse.

Após o desabafo, a câmera mostra o monumento que apresentava várias marcas do vandalismo e vai até o suspeito, que está sentado e algemado próximo à viatura da PM.

A ialorixá Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda, se tornou símbolo de resistência pela afirmação das religiões de matriz africana, após ter o terreiro Abassá invadido e depredado por representantes de outra religião.

Mãe Gilda, que morreu em janeiro de 2000, também foi reconhecida nacionalmente. Isso porque o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa foi instituído em sua memória, em 2007.

*Orientado pela editora-assistente Tharsila Prates.