Casos graves de Covid-19 no interior podem colapsar sistema de saúde em Maceió, diz relatório

Comitê do Consórcio Nordeste aponta risco de a capital sofrer grande acúmulo de casos provenientes do interior e recomenda lockdown. Decreto da prefeitura autoriza flexibilização a partir de sexta (3) Consórcio nordeste alerta para efeito bumerangue e recomenda lockdown em Maceió
Reprodução/ C4
O Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste divulgou nesta quinta-feira (2) um novo boletim que faz uma análise da atual situação dos estados nordestinos diante da pandemia do novo coronavírus. Entre outras abordagens, o comitê alerta para a possibilidade de um ‘efeito bumerangue’ dos casos de Covid-19 causado pela flexibilização que está sendo adotada nos estados.
Além disso, os técnicos que compõem o comitê recomendam o isolamento mais restritivo, o chamado lockdown, em sete cidades da região: Salvador, Feira de Santana, Itabuna e Teixeira de Freitas (BA), Aracaju (SE), Caruaru (PE) e Maceió (AL). A recomendação tem base nos indicadores da Matriz de Risco criada pelo grupo.
Na análise feita em Maceió, foi levado em consideração a alta taxa de ocupação de leitos de UTI verificada nos últimos dias. Porém, a prefeitura já publicou um novo decreto em que permite, a partir de sexta (3), a reabertura de serviços não essenciais.
Colapso na rede de saúde da capital
O boletim mostra que existe o risco de um colapso na rede de saúde de Maceió que pode ser causado pelo aumento de casos no interior do estado. O estudo feito pelos técnicos mostra que no período de 14 a 27 de junho, Alagoas continuou a registrar um aumento de casos de coronavírus por todo o estado. Apenas Maceió apresentou um crescimento moderado de casos novos (36%).
Cidades importantes do interior como Palmeira dos Índios (62%) e Arapiraca (77%) apresentaram taxas altas de crescimento de casos. O mesmo aconteceu com cidades menores como Campo Alegre, com 310% de aumento de casos, que continuaram apresentando crescimento expressivos de casos.
Para evitar o colapso, a recomendação é de que o lockdown seja feito com a adoção de barreiras sanitárias e controle de tráfego de carros particulares e ônibus intermunicipais pelas principais rodovias que deixam a capital em direção ao interior do estado ou a outros estados nordestinos.
Efeito bumerangue
Para que qualquer reabertura ou flexibilização possa ocorrer, o comitê recomenda que o Fator de Reprodução (Rt) esteja bem abaixo de 1 e que existam mais de 30% de leitos de enfermaria e/ou UTI disponíveis na localidade.
O Rt de Maceió está em 1.08, mas os das cidades do interior continuam extramemente altos. Todos estes parâmetros indicam que Alagoas pode enfrentar um ‘efeito bumerangue’ de grande monta, onde casos graves provenientes do interior levam a uma sobrecarga ou mesmo colapso do sistema hospitalar da capital.
Na análise de risco para Maceió, o comitê científico não recomenda nenhuma flexibilização a ser implementada, nem no interior, nem na capital alagoana neste momento.
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