Contas do setor público têm déficit de R$ 131,4 bilhões em maio, diz Banco Central

Resultado, influenciado pela pandemia do novo coronavírus, é o pior para qualquer mês da série histórica do BC, iniciada em 2001. Dívida bruta cresceu e chegou a 81,9% do PIB.
As contas do setor público consolidado, que englobam o governo federal, estados, municípios e empresas estatais, registraram um déficit primário de R$ 131,4 bilhões em maio, de acordo com informações divulgadas nesta terça-feira (30) pelo Banco Central (BC). Esse é o pior resultado para qualquer mês desde o início da série histórica do BC, que começou em dezembro de 2001.
O déficit significa que as despesas do setor público superaram as receitas com impostos e contribuições. Esse valor não contabiliza as despesas com juros da dívida pública
O mês de abril já havia apresentado resultado negativo nas contas públicas – um rombo de R$ 94,3 bilhões – refletindo os efeitos da pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Os efeitos se intensificaram em maio, com queda na arrecadação e aumento dos gastos.
No acumulado do ano até maio, as contas do governo apresentaram déficit primário (sem considerar pagamento de juros da dívida) de R$ 214 bilhões. No mesmo período, em 2019, foi registrado um superávit de R$ 7 bilhões.
Para 2020, havia uma meta de déficit para o setor público (despesas maiores que receitas) de até R$ 118,9 bilhões. Entretanto, com o decreto de calamidade pública, proposto pelo governo e aprovado pelo Congresso Nacional por conta da pandemia, não será mais necessário atingir esse valor.
A Secretaria do Tesouro Nacional estima que o rombo nas contas do setor público consolidado deverá somar 708,7 bilhões em 2020, ou 9,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Se confirmado, esse será o maior valor da série histórica do BC, iniciada em 2001.
Dívida bruta
A dívida bruta do setor público, uma das principais formas de comparação internacional (que não considera os ativos dos países, como as reservas cambiais), subiu em maio. O indicador é acompanhado mais atentamente pelas agências de classificação de risco.
A dívida, que estava em 79,7% do PIB em abril, ou R$ 5,81 trilhões, avançou para R$ 5,9 trilhões (81,9% do PIB) em maio deste ano, segundo números do Banco Central