Com tensões menores, emissão de títulos sobe em maio e dívida pública avança 2,17%

No mês passado, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, emissão de títulos públicos foi a maior em 25 meses e superou resgates. Com isso, dívida pública cresceu para R$ 4,25 trilhões. A dívida pública interna em títulos subiu em 2,17% em maio, para R$ 4,250 trilhões, contra R$ 4,160 trilhões no mês anterior. Os números foram divulgados nesta quarta-feira (24) pela Secretaria do Tesouro Nacional.
A aumento da dívida pública, em maio, está relacionado com uma melhora dos mercados, o que favoreceu a emissão de títulos públicos por parte do Tesouro Nacional, após dois meses de tensões. No mês passado, a bolsa brasileira subiu 8,5% – no que foi o melhor desempenho para um mês de maio desde 2009.
De acordo com o Tesouro, as emissões de títulos públicos somaram R$ 86,651 bilhões em maio, o maior valor mensal desde abril de 2018 (R$ 92,152 bilhões), ou seja, em 25 meses.
Ao mesmo tempo, os resgates também foram baixos no mês passado, totalizando R$ 13,07 bilhões.
Houve, ainda, despesas com juros (que elevaram a dívida pública) em R$ 16,53 bilhões.
O Tesouro Nacional observou que os mercados ainda operaram “voláteis” (sobe e desce de cotações) em maio, com a “expectativa da flexibilização das medidas restritivas em diversos países, recuperação dos preços do petróleo e o retorno das tensões entre Estados Unidos e China”.
“Na segunda quinzena do mês, os mercados responderam positivamente às notícias de pesquisas em fase avançada para produção de vacina contra Covid-19 e, apesar da volatilidade no período, as bolsas encerraram o mês em alta”, acrescentou o órgão.
O Tesouro Nacional informou, ainda, que “em função das condições de mercado”, com os investidores ainda demonstrando aversão ao risco, ajustou sua estratégia e emitiu papeis prefixados e indexados aos juros básicos, o que permitiu uma redução do custo médio do estoque da dívida, em 12 meses, para 9% ao ano – contra 9,4% ao ano em abril.
Mês de junho
De acordo com o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Luis Felipe Vital, o mês de junho também tem sido caracterizado por um início positivo, com cenário otimista nas principais economias do planeta.
“Alguns dados econômicos já ensaiam algum início de recuperação, o que tem sido visto com otimismo para o mercado. A percepção de risco do Brasil voltou a cair, e o Tesouro voltou a emitir no mercado internacional, captando US$ 3,5 bilhões. E temos observado que tanto maio quanto junho mostraram aumento nos volumes emitidos pelo Tesouro, chegando a nível compatíveis a períodos anteriores a pandemia”, declarou ele.
Dívidas interna e externa
A dívida pública é a emitida pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit orçamentário do governo federal. Ou seja, para pagar despesas que ficam acima da arrecadação com impostos e tributos.
Quando os pagamentos e recebimentos são realizados em real, a dívida é chamada de interna. Quando tais operações ocorrem em moeda estrangeira (dólar, normalmente), a dívida é classificada como externa.
Dívida interna: teve alta de 2,26% em maio e chegou a R$ 4,032 trilhões.
Dívida externa: resultado da emissão de bônus soberanos (títulos da dívida) no mercado internacional e de contratos firmados no passado, contabilizou um aumento de 0,41% em maio para R$ 218 bilhões, por conta da alta do dólar.
O governo espera crescimento da dívida pública neste ano. Segundo programação do Tesouro Nacional divulgada no começo deste, ao fim de 2020 a dívida pode chegar a até R$ 4,75 trilhões. Em todo ano passado, a dívida pública teve aumento de 9,5%.