Há 35 anos um bando de jovens baianos partiu numa louca caravana para o 1º Rock in Rio

Caravana baiana reunida antes de começar a aventura

Nos dias de hoje seria impossível a realização do Rock in Rio devido ao novo coronavírus. Mas, esse evento espetacular que acontece há 35 anos (e ganhou edições em Lisboa, em Portugal; Madri, ne Espanha e Las Vegas, nos Estados Unidos) ainda marca uma turma de amigos que, num rompante bem comum à juventude, resolveu alugar um ônibus e encarar dois dias de viagem de Salvador para a cidade maravilhosa.

Tudo em nome da primeira edição do Rock in Rio que aconteceu de 11 a 20 de janeiro de 1985, durou dez dias e reuniu grandes astros da música brasileira como Gilberto Gil, Alceu Valença, Moraes Moreira, Elba Ramalho, Lulu Santos, Pepeu Gomes, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso entre outros. E, claro, as estrelas internacionais como Queen, Scorpions, James Taylor, Iron Maiden, Rod Stewart entre outros.

Antes do ônibus partir foi uma festança no Rio Vermelho – Foto: Arquivo Pessoal 

Primeira providência: reunir os interessados, alugar o ônibus e acertar a logística. Onde cada um ficaria hospedado, o horário em que o ônibus sairia para levar a galera entre outros detalhes. Tudo certo só que, das 40 pessoas que se interessaram, metade disse sim. Resultado: tivemos que correr atrás de patrocínio para poder completar o valor do aluguel do ônibus. E quem nos salvou foi a loja Nina Modas. Dai que apareço na foto vestido com uma camisa da marca bem ao estilo garoto propaganda. Quando o martelo foi batido a sorte estava selada.

Marcamos para sair do Teatro Maria Bethânia no Rio Vermelho  (que depois virou cinema)  onde funcionava o Blefe, bar da poeta e escritora Aninha Franco e da atriz Rita Assemany. Hoje, no local onde também funcionou um bingo e a churrascaria Fogo de Chão agora é uma clínica. Como tudo em Salvador termina em festa, amigos e familiares que não iriam viajar compareceram e transformaram o local numa celbração.

Era para o ônibus partir às 14h. Mas que nada. Todos encheram a cara, a imprensa cobriu, a TV Aratu, na época Globo encerrou seu jornal local com Rose Vitali, mostrando nossa partida. As revistas Veja e Isto É também registram. Na época, o repórter da Veja era o jornalista João Santana Filho (Patinhas) também conhecido compositor, um dos mais bem sucedido marqueteiros do Brasil foi homem de confiança dos presidentes Luis Inácio Lula da Silva e de Dilma Roussef.

A viagem foi uma loucura. Na parte da frente ficava a turma dos “caretas”. Compreenda-se o pessoal que não tocava no baseado mas curtia uma bebidinha. Na parte do meio os intermediários: os que bebiam e, de vez em quando, davam um “tapa”. Na parte do fundo a turma barra pesada que viajou o tempo inteiro chapada. Mas todo mundo no maior astral. Tanto assim que na dívisa da Bahia com Minas Gerais o ônibus foi parado pela Polícia Rodoviária Federal e todos estavam dormindo iguais aos anjos. 

Foram dez dias de Festival. Tinha jornalista, juiz de Direito, artista plástico, economista, professora de inglês, funcionária da Caixa Econômica, enfim uma mistura. Metade do povo que foi no ônibus só conseguiu ir, no máximo dois ou três dias para a cidade do rock. Eu fui a quase todos. Tive o prazer de ver e ouvir Rod Stewart, Queen, Nina Hagen, James Taylor, Gilberto Gil, B52. Na volta pouca gente no ônibus. Alguns ficaram no Rio, outros preferiram voltar de avião por não quererem enfrentar a estrada.

Depois da festa, enfim o ônibus seguiu viagem para o Rio de Janeiro (Foto: Arquivo pessoal)

O importante é que passados 35 anos, todos estamos bens ou como cantou os Rolling Stones “the time are on my side”. Como nem tudo são flores, da turma que viajou conosco dois já se foram, O brilhante jornalista Hamilton Celestino (Tito Bahia) e o juiz de direito Dr. João Caldas.