‘Agora é Assim?’: Youtuber Flavia Calina diz que, na quarentena, maior aprendizado dos filhos ocorre nas tarefas em família

Especialistas reforçam que pais podem aproveitar o dia a dia para instigar curiosidade das crianças. Calina participou de live da série ‘Agora é Assim?’, no G1. Flavia Calina conta experiências do dia a dia para estimular aprendizado das crianças
A educadora e youtuber Flavia Calina mora nos Estados Unidos e relata para mais de 7 milhões de seguidores como é a rotina de seus três filhos: Victoria, de 6 anos, Henrique, de 3, e Charlie, de 10 meses. Durante a quarentena, ela está aproveitando as tarefas cotidianas, como o preparo de uma refeição, para estimular a aprendizagem das crianças. (assista ao vídeo acima)
Calina fez o relato durante uma live da série “Agora é Assim?”, do G1, que discutiu o futuro da educação após a pandemia da Covid-19. Veja os principais trechos e a íntegra do vídeo.
“Na hora de cozinhar, chamo a Victoria: leia para mim o que está escrito no pacote de arroz? Aí, ela lê o passo a passo, vê quantos copos de água precisamos colocar para cada porção”, conta Calina. “Eu uso o que estamos fazendo no dia a dia para apresentar as teorias para ela.”
As crianças têm mostrado mais interesse nessas atividades práticas do que nas lições enviadas pela escola. “A Victoria está na educação infantil. Não tinha nada on-line ainda, a professora só manda blocos de papel, aí a gente precisa ler tudo. Eu não estava familiarizada com isso, é um método mais tradicional, de muita repetição”, conta a mãe.
“Em casa, é mais mão na massa, mostro a matemática de forma mais lúdica. Eu sentava com ela, não sei se o pacote de folhas assustava, mas ela bocejava, queria comer, sempre tinha alguma coisa mais interessante para fazer”, completa.
Segundo Calina, a escola de Victoria não está pressionando para que as tarefas escritas sejam entregues. Os docentes, inclusive, estimulam que o período de isolamento sirva para “solidificar as relações familiares”.
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“Eu mando mensagem para a professora, prometo que minha filha está lendo, ela ama livros. Já fazia parte da nossa rotina. Estou conseguindo interagir e trazer a parte educativa para as tarefas diárias”, afirma Calina.
Ela conta que há desafios – Henrique e Charlie, os mais novos, ainda não vão à escola, e querem participar das lições da primogênita. “Eu percebia uma tensão, porque passa o irmão de 3 anos, o bebezinho de 9 meses, eu também preciso parar para fazer reunião. Mas tento aproveitar as outras partes da nossa vida como um momento de aprendizado.”
Mas e os pais que não são educadores?
É claro que o fato de Flavia Calina ser educadora facilita o processo de condução das atividades. Mas as demais convidadas da live “Agora é Assim?” reforçam que qualquer adulto, mesmo que não tenha terminado os estudos, pode ajudar no desenvolvimento das crianças durante a quarentena.
Para educadora, conhecimento também vem de casa
Raquel Franzim, coordenadora de educação do Instituto Alana, reforça que os pais não devem cumprir o papel do professor – são funções importantes, mas distintas.
“As famílias podem aproveitar os saberes que já possuem, a partir de suas condições, para que a curiosidade da criança não se perca durante a pandemia”, diz. “Não vai haver o cumprimento estrito do que a escola esperava para o ano letivo de 2020. Mas é importante preservar o vínculo com o aluno e com a família.”
Franzim dá dicas práticas: aqueles pais que não são alfabetizados, por exemplo, podem contar histórias antigas, que tenham acontecido com eles mesmos no passado. Há a possibilidade também de ensinar receitas na cozinha, de cuidar da casa. “O cotidiano é muito educativo. Isso pode ser potencializado pelas famílias e orientado pelas escolas”, explica a especialista.
Mara Mansani, professora da rede pública e membro da rede de autores da Nova Escola, concorda com Franzim.
“Não vamos delegar a alfabetização para os pais, mas a gente pode fazer com que a família crie um ambiente propício para investigações. O caminho não é mandar tarefas impressas”, diz.
“É fazer parceria com os pais e criar rotina de estudos com os recursos disponíveis: seja na cozinha, na brincadeira, na contação de história. Assim, estamos preparando as crianças para a volta”, completa Mansani.
‘O professor não pode delegar a alfabetização para as famílias’, diz Mara Mansani