Família cria ‘cortina da saudade’ para abraçar avó sem risco de contágio pelo coronavírus


Idosa mora em Maceió e estava há mais de dois meses sem contato físico com filhos, netos e bisnetos, respeitando distanciamento social determinado por decreto estadual. Família cria ‘cortina da saudade’ para abraçar avó sem risco de contágio pelo coronavírus
Por causa do distanciamento social, medida preventiva contra o novo coronavírus, uma avó estava há mais de dois meses sem abraçar filhos, netos e bisnetos, desde que o governo de Alagoas publicou o primeiro decreto de emergência. Para matar a saudade, a família criou uma cortina de plástico especial, adaptada para permitir um abraço em segurança. A invenção foi batizada de “cortina da saudade”.
A aposentada Margarida Lopes, de 84 anos, está isolada na casa onde mora, no Jacintinho, em Maceió, para se proteger do novo coronavírus. Ela não sai mais de casa e só não tem enfrentado dias de solidão total porque mora com duas filhas e uma neta. Mas a família é grande: são 12 filhos, 21 netos e 14 bisnetos.
Eles costumavam se reunir sempre em almoços aos fins de semana, datas comemorativas e festas de aniversário. Mas desde março, essa rotina com a casa cheia de gente mudou.
A advogada Manoela Vanderlei, uma das netas de dona Margarida, disse que a avó sempre foi uma pessoa saudável, bem disposta, mas quando os encontros familiares deixaram de acontecer, ela passou a apresentar alguns quadros de saúde que não eram comuns.
“Ela começou a adoecer, foi ao hospital duas vezes passando mal, com mal estar. Não fazia muito sentido o que ela tava sentindo. Foram descartadas questões de saúde, ela não tinha nada”, disse a neta.
A família então resolver alegrar dona Margarida e no dia das mães, fez uma carreata na rua onde ela mora. Apesar da surpresa, ninguém desceu dos carros para evitar qualquer tipo de aglomeração.
Idosa abraça bisneto usando cortina de plástico adaptada, feita pela família para evitar o contágio pelo novo coronavírus
Reprodução/Vídeo
No grupo de mensagens da família, os parentes continuavam achando dona Margarida triste. Foi quando surgiu a ideia da cortina.
“Nós temos o grupo da nossa família e estávamos comentando que a vovó tava triste e o que a gente poderia fazer. Porque a carreta já foi nesse sentido de nos fazermos presentes. E aí minha prima e minha tia tiveram a ideia de construir essa cortina”, contou Manoela.
Com a cortina pronta, os parentes começaram um revezamento na casa da aposentada. Para não haver aglomeração, vai um grupo por vez. A cada abraço dado, a cortina é higienizada. E assim, um a um, todos vão matando a saudade de dona Margarida que disse estar se sentindo bem melhor e feliz com os abraços que tem recebido.
“Foi o meio que nós encontramos de minimizar essa saudade e fortalecê-la porque realmente ela estava muito doente de saudade. A gente não acreditava que isso seria possível, mas é verdade. Saudade adoece e minha avó é muito do toque. Nós todos somos! E esse foi o meio que encontramos de transmitir esse amor”, disse a neta emocionada.
Família cria cortina especial de plástico para idosa abraçar filhos, netos e bisnetos sem risco de contágio pelo novo coronavírus
Reprodução/Vídeo
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